terça-feira, 5 de maio de 2009

Mora, o seu fluviário e não só....

No passeio pelo Alentejo logo a seguir ao acalorado

dia 1º de Maio, visitei o fluviário, que achei deveras interessante pelo seu carácter

didáctico e pedagógico e , nalguma ignorância piscicola descobri esta raia preta, que me "beijou
"

a mão... e me encantou pelo desconhecimento da sua existência! Como deve estar já habituada ao mundo dos humanos com tanta visita !

Raia, na minha terra, é branca , malhada e óptima de molho

de pitáu... Manjar dos deuses...
Visita rematada, a um ícone gastrnómico, o velho"ADOLFO".

De mentes acaloradas e emocionadas começámos a lembrar os nossos "diseurs" : Vilarett,

Mário Viegas, Ary....

Derepente, o amigo Nuno sai-se emocionado-:"

precisava de ter aqui ao meu lado o Ary para dizer a

Pedra Filisofal !"

Interiorizei , imaginei e achei que sim! Seria outra coisa!

Que me perdoe o Manuel Freire!







Ainda pelo Alentejo, Pavia e o seu Manuel Ribeiro !






O Artista
Como quem colhe num pomar tristonho a última laranja sã, colhi a solidão estelar da minha vida.- Voo sonho não sei. (Carlos de Oliveira, Auto-retrato de Manuel Ribeiro de Pavia, in: Vértice, nº 164, Maio 1957)


Manuel Ribeiro de Pavia nasceu em Pavia, no Alentejo a 19 de Março de 1907. Em 1929 vai para Lisboa. Morre a 19 de Março de 1957, no seu quarto-atelier, numa pensão na Rua Bernardim Ribeiro.
Como ilustrador exerceu influência determinante na modernidade das artes gráficas portuguesas, quer através de capas, quer de inúmeras ilustrações que realizou para escritores seus contemporâneos.
Os desenhos, gravuras, projectos para murais, constituem um espólio inconfundível, onde o Alentejo se encontra sempre com força renovada e criadora.
Foi com uma surpresa imensa que descobri a casa-museu de Manuel Ribeiro , que eu só conhecia por Pavia.
Descobri-o , era eu bem jovem, quando andava por Coimbra, onde um velho amigo , e amigo já velho, o Zé Gomes, companheiro de luta e amigo do peito Manuel Ribeiro possuía quadros e gravuras várias .
Sempre me fascinaram as suas mulheres robustas , formas redondas , ondulantes como searas, um produto do neo-realismo.
Mais tarde, foi a descoberta das capas de livros e ilustrações de outros.
Era um bonito homem, e imagina-se no seu olhar a forma sensual como deveria olhar “ a mulher” no seu todo.
Através dos desenhos que fez para um livro de José Gomes Ferreira, Líricas, podemos imaginar o seu “eu” e a sua relação com o corpo da mulher: repouso, o fruto, madrugada, o mar, as tranças, enleio, planície, puberdade, melancolia.
A singeleza daquela casa com uma vintena de obras e catálogos é comovente!