sábado, 30 de outubro de 2010

Olhares...

Paravant, Folhas de Outono, !800....e

Gabriela (1975) - novela por novela...

PICKPOCKET - 1959 - Robert Bresson

Dois economistas encerraram a grande novela, que não mexicana, pois as lágrimas serão mais copiosas lá para início de 2011, talvez quem sabe, a ver este belo filme de Robert Bresson ... Eles podiam ser os protagonistas...

Novela por novela , continuo a preferir a da "Gabriela"...Que se matem saudades...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Bom fim de semana...


Natureza morta com abóbora e pote de gengibre, de Paula Modersohn,( Wi
kipédia)

Hoje descobri o blogue de Galopim de Carvalho, por quem tenho imensa ternura .AQUI fica.

Na sua multiplicidade do conhecimento, dá-nos uma receita óptima para experimentar no fim de semana, que vos desejo , bom.

Procurem e experimentem...

Rain 비~Love Story MV (中文字幕)

Olhares...

As minhas fotografias , Praia da Cova
De João Pedro Vale, "A Culpa Não É Minha", 2003, Coleção Berardo, em exposição
Assim é a mãe natureza.
Na primeira "escultura" o tempo irá continuar a moldá-la, a provocar novas emoções.
Na segunda , a escolha do escultor deu a obra como concluída.
"O tempo, esse escultor"... como escreveu M. Yourcenar

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Tons alaranjados, os de outono

Octobre, de James Tissot, 1875
Escreveu Jules Renard, escritor francês , " os ausentes fazem sempre mal em voltar".

Tempo de larajas- 2-


De Emile Scuffenecker, naturezas mortas com frutos, 1886

Vou de partida para o local aonde os meus licores e compotas de laranja me esperam.
Verdadeiros elixires e fortaleza para os amigos desejosos de iguarias...
Adocemos a vida. Para isso também a natureza nos deu as laranjas. As azedas, são só para vista, intocáveis, por isso se chamam "de engana ladrão".

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tempo de laranjas...-1-


William J. McCloskey ( 1859-1941 ), Oranges enveloppées, 1889, Amon Carter museum Fort Worth Texas

Volupté des parfums ! — Oui, toute odeur est fée

Volupté des parfums ! — Oui, toute odeur est fée.
Si j’épluche, le soir, une orange échauffée,
Je rêve de théâtre et de profonds décors ;
Si je brûle un fagot, je vois, sonnant leurs cors,
Dans la forêt d’hiver les chasseurs faire halte ;
Si je traverse enfin ce brouillard que l’asphalte
Répand, infect et noir, autour de son chaudron,
Je me crois sur un quai parfumé de goudron,
Regardant s’avancer, blanche, une goélette
Parmi les diamants de la mer violette






François Coppée ( 1842-1908 ) Recueil Promenades et intérieurs



Amigos, que me perdoem o "post" em francês, mas gostei tanto ... e há palavras intraduzíveis.



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Autumn Leaves - Jazz piano trio

Com as cores do outono vou desenhando o meu caminho...

B.f.s.

Sagas...


Fotografias de Mariana Rey Monteiro e sua mãe Amélia Rey Colaço, no papel de Fedra.



É-se actor ou actriz no palco e na vida? (entrevista)
Eu nunca fui capaz de representar cá fora.

A minha mãe morreu aqui em casa e uma das coisas que me disse foi: "Vai-me dar este recado assim assim ao telefone." Era um recado difícil, era para não magoar alguém. "Ai mãe, custame tanto ir fazer isso!" A frase que ela me disse foi esta: "Tu és actriz suficiente para o poderes fazer." Eu disse-lhe: "Mãe, por que é que não havemos de ser todos, sempre, pão-pão, queijo-queijo?" Ela olhou para mim e respondeu: "Com a nossa educação é impossível." É isso.

Por vezes sinto que não quero magoar o próximo; outras isso não me deixa ser tão menos actriz como eu gostaria
(ontem , por engano , desejei bom fim de semana... parece que até sonho com o fim-de-semana
para descanasar... Coisas.)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Bom fim se semana...


Manuscrito de Mário-Sá Carneiro


"Nós três somos de Paris. E somos. Temos esta elegância, esta devoção, este farol de Fé, "escreveu Almada a José Pacheko, sendo o terceiro Sá-Carneiro. O elemento entre eles era a cidade- luz, a sua vivência, a ausência dela, tudo se tendo consumado no trágico suicídio do autor da "Confissão de Lúcio" em 1916. Pouco antes Sá-Carneiro escrevera a Pacheko: "Tenho tantas saudades da sua Alma - a sua alma toda em oiro! Que pena! Que pena! E chegou a admitir: " Parece-me que já nem gosto de Paris. Não sei nada, nada, nada. Um grande vazio! Nunca me esqueço da sua Alma, do seu Espírito - de toda a criatura adorável que você é. Tenho tantas saudades da sua companhia".

Numa edição muito especial da Revista Egoísta deste mês, há um tema interessantissimo de "rigor analitico " e interpretativo, feita pelo grande grafólogo, Alberto vaz da Silva , tocante ao espólio dos "três de Paris."
Desenho de Almada Negreiros



quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ilusões...


Intervenção dos arquitetos Gémeos, Otávio e Gustavo Pandolfo, aquando da sua passagem por Lisboa com uma exposição que esteve no CCB , em 2010.
Achei estes grafities espetaculares, na Avenida Fontes Pereira de Melo.
Vale a pena desce-la e observar, de preferência ao anoitecer.

Easy jet, no Terminal 2...


Partilhar, partilhar, partilhar... a opinião do amigo do POLITEIA e retenham sempre este blogue de opinião , lúcido e descomprometido.
É só mais um escandalo. Em tempo de crise, quem tem olho, é rei...

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pintura- o caos organizado...

Óleo sobre tela ,de António Viana, 1991
Criar uma ordem a partir de coisa nenhuma, sendo que essa ordem e os princípios a que obedece podem assumir contornos mais próximos de uma ideia de caos.
Seria então mais apropriado falar-se de um caos organizado, ou do fascínio - que é também um desafio - de instalar uma ordem que nasce de uma sucessão de instáveis equilíbrios, permanentemente à beira do caos: uma espécie de castelo de cartas de formas que remetem para um universo de múltiplos significados, onde os objectos são soberanos...
In catálogo de exposição de António Viana, em 1991

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os melhores anos das nossas vidas....




Para ti, flor de vida, vamos pensar a tua e nossas vidas, as alegrias que sempre lhe deste, e, nós como húmus , vamos continuar o alimento deste amor que não tem fim…
Perguntaram ao escritor: - O livro foge-lhe quando o acaba de escrever?
_ Não sei se ele foge. É como os filhos. Os filhos não são nossos, mas também não são de mais ninguém, não é?”
Meu António, meu cidadão do mundo, do outro lado do atlântico, “cumple tus años” que nós continuamos à tua espera para soprar as velas.
Será que ainda o quererás?

A vida a nu na internet...


Filme documentário do Canal Plus, que não deve deixar de ser visto pois pode vir a ser retirado
por direitos de autor ou porque se possa tornar demasiado incómodo...(58 minutos).

David Fincher, realizador do filme " The Social Network", a estrear a 4 de Novembro, diz : " não acho que haja alguma coisa de diabolico no facebook. Os seres humanos são espantosos a descobrirem novas formas de perderem o seu tempo".
E eu acrescento, enquanto se perde tempo... vá que não vá, mas perder o emprego e outras coisas mais, é arriscar ir longe demais, como quem arrisca colocar a suas vidas neste mundo global que nâo mais poderá apagar.
Arrepia...


domingo, 17 de outubro de 2010

Parabéns, linda menina...

Já que não posso festejar-te olhos nos olhos, faço-o nesta "casinha", também de afectos, nas vozes de dois "monstros" da música latina . Votos de dia feliz... que sei que vai ser, minha linda D.

As palavras dos outros...


" A incerteza é uma margarida cujas pétalas nunca acabam de desfolhar"


Mário Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Dizem que é o dia nacional da alimentação? Estão brincando sempre com os dias...


"Atordoados, os portugueses já só pedem que as coisas pareçam fazer sentido. Que o carrasco se despache... Não deixo de me fascinar com a capacidade de quem vive da situação ficar sempre com a situação a seu favor. Não deixo de me fascinar com a capacidade de quem sofre com a situação poupar sempre quem vive da situação. Dos portugueses , ao contrário dos franceses, dos gregos ou dos espsnhóis, resignação."


De Daniel Oliveira, in Expresso de 16/10/2010 (excerto)
(imagem google)

Bom fim de semana...

Mão amiga fez-me chegar este vídeo... como sempre, carinhosamente. E disse :- há que ver até ao fim, pois é de suster a respiração...

Perante tanta negritude e tantos tagarelas, refugiemo-nos no belo, pois aí os deuses estão do nosso lado . Bom fim de semana ... o sol estará connosco.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"se houvesse degraus na terra"...


Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.

Herberto Helder
Pintura de René Magritte, O homem da maçã

Dança. Reviver a juventude deste grande bailarino...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Haja matéria, far-se-à História... Hoje fez-se


Dia 13 de Maio.

Dirão uns que foi milagre... outros que foi a ciência e a tecnologia. E mais uma vez o Chile vai ficar na história, mas desta por razões mais que felizes, de força e muita solidariedade. Um verdadeiro desafio humano.

Fixei-me com saudade, no meu querido amigo e companheiro de poucos mas bons anos, Renato Pavel, refugiado chileno e eis guarda costas de Salvador Allende, que depois de vários périplos à procura de exílio, ficou entre nós 12 anos e também nos deixou antes do tempo. Era o nosso Corto Maltese, uma das muitas figuras de Júlio Cortazar.

No seu doce castelhano, encantava-nos com as suas estórias e algumas delas ficaram-nos na retina ao ver Pavel ir com o seu velho Mercedes contra o carro que transportava Pinochet para o hotel em que estava hospedado, defunto Estoril-Sol. A vingança e a nacionalidade ficaram em ordem, aparentemente.

Sei , que se estivesse entre nós seria um homem feliz pelas melhores razões. 30 homens salvos nas melhores condições possivieis, sorte que não tiveram alguns irmãos seus que morreram em situações adversas em minas e em lutas por um Chile livre e democrático.

Certamente, porque também estava feliz, a minha vendedeira de flores, na minha feirinha de eleição, na compra de um ramo de rosas, ofereceu-me o segundo...

Há dias felizes com rosas a ajudar à festa...






Alguém se Candidata a ser Parlamentar na Suécia???

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Arte, hoje e sempre...



Pinturas de Antonio Viana, da exposição retrospetiva
no Centro de Artes da Figueira da Foz, em 2009

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Mar e Tu

Ainda o mar visto pelo João




Clicar em cima da foto para aumentar.
Vale a pena.


Os "bons" malandros"...

Mar, sábado, dia 9

Ouço na sic noticias Mário Zambujal que anuncia o seu próximo livro... e da sua análise da imprensa do dia, em relação ao ser humano, diz uma coisa que não me canso de repetir...
" o que há de mais antigo no mundo, são os defeitos do ser humano: a inveja, a ganancia, o ciúme, a vingança..." isto para não falar em coisas também menos bonitas.
Por isso a História se repete apesar de haver quem diga o contrário...
Teorias. Mas o que mais precisamos em cada dia que passa , são de boas práticas...
Quem sabe se um dia a ciência consegue fazer de nós melhores pessoas.
Tudo é possível.
Boa semana.


domingo, 10 de outubro de 2010

Bonjour Tristesse (1958) - Juliette Greco

Dia Mundial da Saúde Mental... porque não pensar os amigos?

The Day After, de E. Munch, 1894
Daniel Sampaio na Pública de hoje, fala na banalização do termo "depressão".
Só quem as não teve as não compreende...
Longínquas que são , há que, como ele sugere , não confudir estados de alma com "depressão".

"Estou deprimido", quando seria mais correto, por vezes, dizer "estou triste".
E é o que acontece.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um casino com história.... bom fim de semana

Hoje, no casino da Figueira da Foz, mais uma lição de História

1. Não sabia que Jorge de Sena conhecia a Figueira da Foz, tendo vindo passar férias de Verão, em 1935, a casa do seu tio Jaime Teles.
2. Destaco Sinais de Fogo pela importância que a Figueira assume na obra, editada postumamente, em 1979, por sua mulher Mécia Sena.
3. “Não há para uma cidade destino mais invejável do que o ser mistificada pela literatura”.
4. De facto, na obra de Sinais de Fogo de Jorge de Sena, a ação decorre sobretudo na Figueira da Foz, em 1936. A personagem principal, Jorge, que é o narrador, parte de Lisboa para aí passar férias:
5. “No dia seguinte, parti para a Figueira da Foz, no comboio da manhã. Comprei o jornal. A primeira página estava cheia da mesma coisa: rebentara em Espanha uma Revolução e que o jornal em grandes letras, chamava Nacional.”pág.64
6. “Quando cheguei à Figueira, a estação era um tumulto de espanhóis aos gritos, com sacos e malas, crianças chorando, senhoras chamando umas pelas outras, homens que brandiam jornais, e uma grande massa de gente comprimindo-se nas bilheteiras.”

7. Para quem não conhece a Figueira da Foz, o Bairro Novo é e foi um espaço privilegiado dos acontecimentos, era um espaço de passagem para a praia, ou mesmo local onde “ nas mesas de cafés só uns raros sujeitos gozavam da sombra ante uma cerveja. Eram, como de costume, pais de família, que se recusavam a encher de areia os sapatos na praia. Raramente pais tomavam banho, como aliás as mães ou as tias. "
8. Nesta zona existiam pensões onde estavam hospedados os veraneantes e, entre eles, alguns amigos do Jorge que este procura. As pensões proporcionam igualmente encontros amorosos:
9. “Voltei ao Bairro Novo, e entrei na pensão Ramos. O empregado da porta reconheceu-me, e sim, não tinham descido, estavam com visitas, eu que subisse. Subi trémulo e, mais trémulo , fiquei indeciso diante das portas dos quartos. Devia ser este o da Mercedes. Bati muito de leve, com os nós dos dedos. À escuta olhava de um lado para o outro, esperando que uma das portas próximas se abrisse repentinamente. A chave deu uma volta, e ela surgiu no intervalo estreito que entreabrira: - Tu?- , De relance pareceu-me mais bela do que nunca, com os olhos escancarados, e o cabelo meio despenteado. Empurrei-a para dentro e fechei a porta atrás de mim.”Pag.241
10. (…) Toda a gente que cruzava comigo, cruzava porque já estava envolvida, ou era envolvida porque cruzava a cadeia de acontecimentos, cada um dos quais gerava outros que, por sua vez, estavam ligados a alguns dos anteriores ou a todos?
11. (…) A Figueira era um meio pequeno, onde todos os fios de uma meada se cruzavam. Mas eu não era da Figueira. E das duas uma: ou sempre uma Figueira se formava à volta de qualquer pessoa, (…) ou a sorte estava fazendo de mim uma espécie de catalisador, que, não podia dar um passo, nem falar com ninguém, sem que desencadeasse reacções possíveis só com a presença dele,e que apenas aguardavam esta presença para se realizarem.”pp.260/1
12. Outro dos espaços importantes é o casino que reflecte o ambiente próprio da época(…)
13. O casino servia de ponto de encontro não só de amigos que estavam de férias mas também dos habitantes da cidade , como era o caso do tio do Jorge.
14. Era um dos sitos onde podiam divertir-se e arranjar companhia .
15. É ainda neste espaço que o comportamento de Jorge com Mercedes é denunciado pelo noivo traído, Almeida, que armou um escândalo. –“ Sabes o que ele fez ontem? Um escândalo no casino , no meio de uma data de gente, gritando alto e bom som que eu era”,,,(p.344)


Informações colhidas na publicação semestral da Associação Doutor Joaquim de Carvalho,
17. LITORAIS, estudos figueirenses






terça-feira, 5 de outubro de 2010

O fado na república (3), dia do seu centenário


1.“O Canto do Fado terá um papel fundamental na difusão das ideias libertárias em Portugal…
Folhetos há que são fundamentais para se perceber o amor e dedicação que um grupo de homens – hoje em muito ignorados ou esquecidos – deu a este canto urbano, operário e libertário, contribuindo para a implantação da República em Portugal em Outubro de 1910.
2. Canto Libertário
O Canto do Fado emerge, documentalmente, na cidade de Lisboa, no segundo quartel do Século XIX, fortemente ancorado na palavra poética improvisada, logo dialogal, e também em determinado tipo de coreografias. No inicio da segunda metade do mesmo séc. , transforma-se num canto libertário, suportados pela décima – improvisada ou memorialista – e cuja origem terá que sr encontrada na industrialização e na catequética operária de espírito internacionalista.
Assim o Canto do Fado é, antes de mais, um canto produto da imprensa e da industrialização.
O Canto do Fado que se pratica em 1910 é um canto engajado na luta politica, fazendo parte de uma grande família de práticas de cariz industrial, com uma geografia que vai de Lisboa a Buenos Aires, de Múrcia a Havana, e que utilizaram a mesma estrofe e melodias populares locais ou regionais para transmitir conhecimentos e internacionalizar uma noção de classe, em muito suportadas por um discurso de paz, que este provérbio levantino muito bem caracteriza:
Quem afia versos, não afia navalhas.”


Texto de Paulo Lima, in Catálogo de exposição Fado 2010


“ A Pátria enfim respirou”: o triunfo da República

Viva a Pátria Portugueza
Que a República salvou,
De morrer na indigência
A que a monarquia a deitou.

Nobre pátria sem igual,
Berço de navegadores
E de heróis libertadores,
Grande e nobre Portugal,
Ia tendo por seu mal
Quem a levasse à vileza
Mas derrotou-se a nobreza
Pelo pendão verde-rubro,
Viva o dia 5 d' Outubro
Viva a Pátria Portugueza.

Ao sentir-se a derrocada
Da extinta monarquia,
A Pátria sucumbiria
Por estar mal governada,
Mas a turba ignorada
A que glória a levou,
Na Rotunda vincou
Patriotismo sem igual,
Pois foi o velho Portugal
Que a República salvou.

Imperava o cinismo
Governando a nação,
Mandava a perversão
E o vil jesuitismo,
Mas o povo com civismo
Com tacto e inteligência,
Não consentiu a demência,
D um rei novato e banal,
Evitando Portugal
De morrer de indigência.

Homens de raro valor
Como Costa e outros mais,
Usam processos leais
E à Pátria dão vigor
Brilha já a rubro a cor
Da bandeira que a salvou,
E a Pátria enfim respirou
Ao ser expulso, o mal, o vício,
Está livre do pecipício
A que a monarquia a deitou.

Fado Republicano (para piano)
Música de Reynaldo Varella ,10 de Outubro de 1910



domingo, 3 de outubro de 2010

O fado na República (2)

Coleção de António Pedro Vicente


Mas , enquanto faço outras pesquisas, não posso deixar os meua amigos sem música, com letras da época (1910-1913).
Foram encontradas aqui e vale a pena visitar...
Até amanhã e bom domingo .

O fado na República (1)

O mais português dos quadros a óleo


Não abandone a sua rebeca porque creio, mais
que nunca, que é a arte que muitas vezes nos
suaviza esta vida tão cheia de contrariedades.

Jose Malhoa,16 de Abril de 1900

Durante o Verão esteve patente uma belíssima exposição sobre O Fado e a Répública, na SNAB, cientificamente orientada por Ruy Vieira Nery e conceção plástica do pintor António Viana.
Ela passou despercebida e findou antes do tempo tal como a que ocorreu no Museu da Eletricidade, " O POVO".
Em plenos festejos do centenário, as exposições mais didáticas e menos maçudas para uma camada estudantil jovem, findaram....
A república continua a servir mal os seus cidadãos...
Qualquer destas exposições deixaram-nos óptimos catálogos que vale a pena procurar.
A partir de hoje, iniciarei aqui algo , que por puro deleite, vai dar umas dicas para esta forma de arte que seria tão portuguesa se não tivesse vindo do Norte de Africa e Brasil, segundo o nosso grande estudioso Ruy V. Nery.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

De ficar com os olhos em bico...


Pintura chinesa que retrata as carruagens celestes que desciam do céu para encontrar os homens. Note-se que elas expeliam fumo ao se movimentar.


Com o correr dos tempos as "fumaças" são outras. Ler aqui.