quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

"To be or not to be"...



Teatro. Gosto muito mas não vou tanto como o desejado....Não se pode dar assistência a todos os nossos gostos...”malgrée tout”, e, com a “evolução na continuidade” da nossa querida crise, os nossos contentamentos terão que ser cada vez mais selectivos...
Isto, por que no domingo, fui ao pequeno auditório do CCB, “OU-VER” a peça “LA MUSICA”, de Duras. Ou seja, vi, mas não ouvi.
É preciso dizer que ouço menos bem, mas um grão de bico da Sonotone, colocado no lado direito , o ouvido “handicapée”, costuma resolver a situação. Mas não neste caso.
Dois actores, durante 60 minutos, representam um para o outro, deixam-se ouvir por quem tem ouvido tísico, e, Solveig, a encenadora, esquece que na plateia há pelo menos perto de 100 pessoas.
Numa situação de enorme incomodidade e nervosismo tiro e ponho auditivo, arrumo-o definitivamente e eis senão quando, me começo a sentir vingada, pois um senhor, mesmo sentado ao meu lado, grita :_ ..” falem mais alto, que não se ouve nada"...
Como poderiam aqueles “ele” e “ela”continuar a ajustar contas de um mau casamento, das hipóteses de sobrevivência afectiva, se, se, se....., aonde o “ele”esteve no diálogo quase sempre de costas voltadas para a plateia, sem autorização técnica da Sr. Solveig? Só com o apelo de um espectador mais afoito...
Ao fim de uma hora, a peça acabou, mas a minha frustração não. Dei comigo a falar com pessoas, alguém me dizia, que em peças mais intimistas ter-se-ia que falar baixinho.... Mas Senhor . Haja dó... Há técnicas de posição de voz e corpo...
Não bati palmas e apeteceu-me patear...
Liguei a um amigo encenador. Acalentou-me.
“ Não, Ana, não é bem assim. Há agora por aí uma forma de fazer teatro, a que chamam “performativa”....
Fiquei mais tranquila mas não esqueci os meus 15euros...
Da próxima e terá que ser breve, tenho que perguntar se é “performance” ou teatro.
Quais os meios técnicos utilizados.
E... se há livro de reclamações...