segunda-feira, 17 de maio de 2010

Poema a Luís de Camões

Óleo de João Abel Manta, 1964, Praça Luís de Camões
A LUÍS DE CAMÕES

Sem lástima nem ira o tempo arromba
As heróicas espadas. Pobre e triste
À pátria nostálgica voltaste,
Ò capitão, para nela morrer
E com ela. No mágico deserto
Tinha-se a flor Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da ribeira
Última compreendeste humildemente
Que tudo o perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mutação) na tua Eneida lusitana.


De Jorge Luís Borges