domingo, 13 de junho de 2010

Santo António, poema


Nasci exactamente no teu dia -
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esse cravos de papel
que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão do bom vinho derramado!

Santo António , és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano.

Sê sempre assim, nosso pagão encanto,
Sê sempre assim!
Deixa lá Roma entregue à intriga e ao latim,
Esquece a doutrina e os sermões.
De mal, nem tu nem nós mereciamos tanto.
Foste Fernando de Bulhões,
Foste Frei António -
Issosim.
Porque demónio
É que foram pregar contigo em santo?

De Fernando Pessoa," Os Santos Populares"


(Os mangericos chegam mais tarde....)