terça-feira, 29 de março de 2011

Here Comes the Sun - Nina Simone

Momentos de ouro... e a tarde pôs-se a jeito, a surrealidades...


Pintura de Mário-Henrique Leiria
Porque gostamos de gin-tónico e de Nina Simone e porque não há um gin-tónico sem o segundo, veio-me á memória Mário- Henrique Leiria... (aqui). Imperdível e a rever...

EXAGEROS


O Alfredo atirou o jornal ao chão, irritadíssimo, e virou-se para mim: - Estes jornalistas! Passam a vida a inventar coisas, é o que te digo. Então não afirmam que, no Sardoal, foi encontrado um frango com três pernas! Vê lá tu! É preciso ter descaramento. Ajeitou-se melhor no sofá e, realmente indignado, coçou a tromba com a pata do meio.


CASAMENTO

“Na riqueza e na pobreza, no melhor e no pior, até que a morte vos separe.” Perfeitamente. Sempre cumpri o que assinei. Portanto estrangulei-a e fui-me embora.



.TELEFONEMA

Telefonaram-lhe para casa e perguntaram-lhe se estava em casa. Foi então que deu pelo facto . Realmente tinha morrido havia já dezassete dias. Por vezes as perguntas estúpidas são de extrema utilidade.

in Contos do Gin, Mário - Henrique Leiria

segunda-feira, 28 de março de 2011

Momentos...

Fernando Pessoa, de Mário Botas
O poeta é um fingidor

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda

Gira a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.


De Fernando Pessoa

Rastrelli Cello Quartett Piazzolla - Oblivion

A minha escolha para os textos de Mário Botas.

Surrealidades... de Mário Botas



"Se eu fosse arquitecto, ou escritor, actor ou músico, continuaria a ser sempre, e em primeiro lugar, desenhador naquilo que a minha mão ou o meu corpo teria no imediato de potencialmente criador, diante da brancura do papel ou do tempo."

Mário Botas (aqui)

sábado, 26 de março de 2011

Partilhar...

Alentejo primaveril...







Insónia Alentejana

Pátria pequena, deixa-me dormir,
Um momento que seja,
No teu leito maior, térrea planura
Onde cabe o meu corpo e o meu tormento.
Nesta larga brancura
De restolhos, de cal e solidão,
E ao lado do sereno sofrimento
Dum sobreiro a sangrar,
Pode, talvez, um pobre coração
Bater e ao mesmo tempo descansar

Poema de Miguel Torga

Ainda para o fds..." a pedido"

quarta-feira, 23 de março de 2011

E depois do adeus...

A Lisboa de Carlos Botelho

LAMÚRIA DO CEGO QUE ANTES QUE O FOSSE

Quando era cego eu previa
(que freguesia)
o que ía acontecer,
Era o que se dizia...

Mas agora que bem vejo,
só agoiro do que vejo,
e já ninguém me quer crer...

Porquê,
se todos o podem ver!

Alexandre O`Neill, Poesias Completas

Olhos que te viram... 1932-2011


Para ver AQUI citaçoes e filmografia de Liz Taylor....
Esse deus, que dizem que é pai, anda com saudades de alguns filhos... dos conhecidos, bons, bonitos e polémicos. Partiu mais uma alma que fez história e o deus anda com falta delas, concerteza...
Mas há pessoas eternas como as jóias verdadeiras que as cobriram. Os diamantes em bruto e os burilados...

terça-feira, 22 de março de 2011

Exposição "Eu-próprio os outros" - na Perve Galeria


Palavras para quê? É ir e deslumbrar... para mais ver AQUI
A escultura que abre este video chama-se "A morte de Inês de Castro".

Memórias...

Como disse hoje Mário Zambujal, " há toda uma geração que nasceu com Artur Agostinho..."
Eu pertenço-lhe. Eram duas as vertentes, a do futebol relatado que o meu pai ouvia religiosamente e a mim nada dizia... e a outra muito importante, ao sábado à noite, "Serão para trabalhadores", onde desfilavam os nacionais cancenotistas, sempre apresentados com a maior animação.
Assim era a rádio, com AA, a junção da família, numa única voz e nas escolhas musicais, anos 50/60.
De resto tudo é conhecido e sobejamente apreciado. Um ícone nacional a que algumas gerações não puderam ficar indiferentes.

1920- 2011

`"Águas de Março", a dita faz jus ao dia

Hoje pela manhã tinha como presente esta fotografia no meu correio.
Ela é do João Viana , o fotógrafo oficial deste" nosso reino".
Todas as notícias vão no sentido de um bem que escasseia , "A ÁGUA".
Os dias de e de... sempre servem para despertar estados de (in)consciência.
Olhai para este espelho de água, o atlântico, e reflitam-se nele.

O meu poemário...

Enquanto passam as notícias da 1.ooh, com a imprensa diária, o coração aperta-se.... "o PEC estrangula o país"... e assim será.
Mas quando aqui cheguei, depois de ver o último filme com Deneuve, "Postiche"= " a dondoca" ,foi para vos deixar um poema de mais um poeta vivo adotado há muitos anos por Cascais, Herberto Hélder.
O filme, não o percam. Ozon, surpreende sempre.


QUE NÃO há nenhuma tecnologia paradisíaca,

mas com que estranheza se habita o mundo,
olhando de viés o outro lado das linhas,
onde se emaranha o nome profano que se inventa
como se fosse o inominável, movido,
oh inebriamento!
miraculosamente até
desastre da beleza

HH (1930)

Ofício Cantante


segunda-feira, 21 de março de 2011

Primavera, poesia e partilhas... porque nem tudo são "rosas" mas as palavras limam os espinhos...


Escolhi para este dia um poeta bem vivo, com quem me me cruzo amíude, nos seus passeios descontraídos e concerteza bem criativos, há para aí uns 30 anos, num pazer que nos é comum, caminhar pelo nosso paredão na linha de Cascais. Sempre gostei dele na vertente do pensar, escrever e poemar. Ele é José Carlos Vasconcelos.


Meu trato com as palavras
é uma longa história de amor.
Ou um romance triste? Um filme de cobóis?
Uma fita de capa e espada?


Meu trato com as palavras
é feito de sombras, de luas, de sóis.
Umas vezes trato-as por tu, outras por nada.
(...)
Meu trato com as palavras é casto,
adúltero, chulo, edipiano, fraterno.
Interesseiro e desinteressado.
Nelas morro e nelas vivo;
com elas vejo com elas ouço,
com elas cheiro, pulo, corro,
durmo, transo.
Pagam-me o ordenado.
São tão putas e tão puras.
- senhoras do meu caminho,
virgens marias do meu pecado.

JCV
Meu Trato Com as Palavras
"O Sol das Palavras"

domingo, 20 de março de 2011

HELENE GRIMAUD - Bach

The day after...




Ontem, foi o dia do descontentamento que reuniu milhares na cidade de Lisboa, mas não só.Foi o dia dos encontros felizes, uns esperados e desejados, outros com uma enorme carga de surpresa. Só uma coisa me faz questionar, mas não é só de agora...
Como podem pessoas participar nestas manifestações de solidariedade e de justiça quando elas no seu dia a dia praticam no seio onde vivem a injustiça individualizada e a ausência de solidariede e seriedade até ao martírio dos que dizem ser amigos e companheiros?
Coisas de humano... que vive o dia a dia com 50% de defeitos e 50% de virtudes...
Digo eu... alguém mais abalizado poderá explicar melhor.




E... por falar em gatos, vieram-me estes à memória

Sem título...


Não gosto do olhar indefinido dos gatos... nunca sei bem no que estão a pensar. Imprevisiveis como pessoas que tenho conhecido ao longo da vida.
Os amantes de gatos que me desculpem... mas este também é o pretexto para partilhar esta foto da Virita.
Bom domingo, quase primavera e de lua plena.

sábado, 19 de março de 2011

Memórias do 19 de Março...

Dizia a professora:- Meninos , vamos lá começar a fazer o desenho para oferecer ao Pai... o postalinho mais bonito do mundo.
Assim era, assim foi. Agora, só a doce memória dos meninos e do meu Pai.
Pintura de Gustav Oskar Bjork, 1860-1929, Suécia

sexta-feira, 18 de março de 2011

Gaiteiros de Lisboa - Subir subir


Grande Carlos Guerreiro, o homem dos sete instrumentos...

Um "déjà vu" para entrar no fim de semana... que se deseja de luta e confraternização


Se todos os dias temos que enfrentar o "déjà vu " da política nacional, porque não repetir prazeirosamente as leituras de Woody Allen?


Na minha próxima vida, quero viver de trás para frente.
Começar morto, para despachar logo o assunto.
Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa.
Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo.
E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer.
Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voilà!" - desapareço num orgasmo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Quinta feira proverbial ou o pretexto para mostrar esta mãe galinha...



Como diz o provérbio, conselhos e caldos de galinha , nunca fizeram mal a ninguém... aqui vão (clicar)

* Por manifesta falta de tempo e por limitações de net, não tenho visitado os meus blogues amigos. Breve tudo ficará restabelecido. Mas não deixei de ir visitar a Justine, no Quarteto de Alexandria, que faz anos...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Para os ouvidos e para a alma...

As palavras dos outros...



Metereologia


Leio todos os jornais para saber se a primavera é definitiva. Na Rússia estão a comprar o caviar para a Quaresma - ó caviar, essa pequena necrologia de ovos e ovas da vida. Depois, para a Páscoa é só um salto. Entretanto, não é fácil dizer a palavra Líbia. Não existe.
- Mãe quero ir à praia.

Diálogo
- As máquinas mentem.
-Porquê? Como?
-Talvez porque são feitas pelos homens. As máquinas, se fossem criadas por máquinas, teriam a consciência limpa.
Isso significa consciência nula.
Ora, segundo a tua opinião, os homems mentem...
- Não totalmente. Em príncipio prometem-se a possibilidade de verdade.
Mas quem promete não cumpre.

In JL , as Tertúlias de Jorge Listopad
Mais uma vez não registei o nome do pintor do quadro... Gostei e pronto. guardei.

terça-feira, 15 de março de 2011

(2)- Canção para o meu amor não se perder no mercado da concorrência....

(1) 1961- 2-3-4-5-6-7-8-9.0-71- 9- 2011... éramos demasiado jovens para tudo compreender, mas que marcou, marcou...

Nunca vistas os teus olhos
Das manhãs que vais tecendo
Nem soltes os teus cabelos
Onde o amor faz suas tranças.

Com teu cesto de ternura
Nunca vás amor à praça
Onde até o amor se compra
Onde até o amor se vende.

INSTRUMENTAL

E se eu partir para a guerra
Não perguntes quando volto
Nem com lágrimas desenhes
Minha ausência no teu rosto.

E sobretudo não fales
Meu amor da paz na praça
Onde até se compra a guerra
Onde a própria paz se vende.

INSTRUMENTAL

Nem perguntes pelo nome
Que no peito escrito trazes
Porque há nomes que se compram
Os nomes também se vendem.

Nessa praça onde tu passas
Tão sem preço como preço
Que o vento teria a morte
Se o vento tivesso preço.

INSTRUMENTAL

E se eu partir para a guerra
Não perguntes quando volto
Nem com lágrimas desenhes
Minha ausência no teu rosto.

Poema de Mnuel Alegre ( quantas vezes me foi lido? sem conta...)

sábado, 12 de março de 2011

Estórias de amor no mundo da arte


Também Suze Rotolo partiu... Poderia ficar na estória só pelo seu valor mas é mais "rasteirinho" associar o seu CV ao grande amor que viveu com Bob Dylan e que deu origem à famosa canção " Suze", como se fossem os homens que tenham que celebrar e perpetuar as mulheres que amaram.
Também ela o deixou definitivamente depois de ter lido a vida de Picass0 com Francoise Gilot. E achou-os semelhantes até na traiçâo.... com Joan Baez.
Vidas.

Deabulando pelo mundo dos" afetos" , neste fim de semana, mais um post sobre os amores. Li num semanário que a Tate Modern exibe de momento o quadro que se considera dos mais caros no mundo da arte, de Picasso, que se intitula " Nu au plateau du sculpteur". Ele representa , segundo a notícia o grande amor "secreto" de Pablo, Marie-Thérése....

Pelo que sei , não foi asim tão secreto... mas era uma mulher muito bonita e submissa, como quase todas as do artista e muito doente... vindo a morrer jovem.

Penso que Marie-Thérèse foi das mulheres que Picasso mais pintou sem lhe deformar ou crispar o rosto.

Há amores assim... e com Pablo foram pucos os bem sucedidos.

Sou fã incondicional de Picasso. A Espanha ainda dou uns saltinhos... a Londres, logo se verá. Há momentos de sorte.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Bom fim de semana...



Umas vezes "assim" outras vezes "assado", o que é preciso é que se sintam felizes...
* 1º quadro de Egon Schiele, "Lovers"
2º Pintura naif de uma brasileira cujo nome perdi. As minhas desculpas pela omissão.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Os nossos pintores


Do pintor figueirense, Mário Augusto, um dos seus quadros mais conhecidos, " O latoeiro", 1932 (aqui)

No acervo da Casa Anastácio Gonçalves, em Lisboa podem ser vistos alguns quadros deste pintor. Eram amigos pessoais.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Sem título...




O miolo das cidades, um pouco por todo o lado, está degradado, pobre, abandonado.
Mas há sempre quem se aproveite da situação, para arrulhar ou saber esperar...
É tudo uma questão de tempo.
*E, logo hoje, em dia de posse do PR, tudo ainda se tornou mais bafiento... e triste.

Rescaldo do dia de ontem...

Pintura de Harold Gilman, " Mãe do Artista"

terça-feira, 8 de março de 2011

Mulheres de quem eu gosto...







Hoje partilho aqui convosco, neste dia que se propôs ser o da MULHER, mulheres da minha vida.
A minha mãe opinando o bordado e a tia Arminda , de braço ao peito, que está agora dependente de nós e que no dia 5 fez 85 anos.
É das mulheres mais festejadas que conheço.
Não casou, não tem filhos, mas sobrinhos como filhos, reune ou é solicitada a reunir amiúde com os seus alunos (as) de um ex colégio situado na Beira Alta, onde foi diretora e a "terrível" professora de fìsica-química, mas a amiga , confidente e responsável por jovens cujos pais os deixaram à sua responsabilidade e muitas vezes, a maioria emigrados, logo daí o afeto.
No dia 5, num belo restaurante entre Coimbra e Figueira, lá se juntaram mais de 50 pessoas para a festejar.
E, estar com as minhas "velhinhas" é sempre viver num espaço de memória , risada e relembrar de estórias... E, desta vez, fica a dica de algumas que contarei quando relembrámos o Professor Dr. Elísio de Moura (aqui), o maior cientista da sua época na área da Psiquiatria, que vivia em Coimbra e que tive ainda o prazer de conhecer. Morreu em 1977, um mês antes de fazer 100 anos e... só bebia água quente... Brincam, dizendo que daí advem a sua longevidade...
Lá está ainda a sua Casa da Infância das Meninas Desvalidas à qual se dedicou toda a vida e que é sempre lembrada , para mim, na altura da Queima das Fitas, quando se faz o peditório para a Instituição, vendendo pequenas pastas com fitas.

segunda-feira, 7 de março de 2011

José Afonso - Canção do Vai... e do Vem...

Momentos de ouro







Como aqui, no Mar à Vista, de preferência com vista de mar, se pode falar de tudo ou de nada, há sempre uma primeira vez para qualquer coisa...
Restauração, em Coimbra, para os que como eu e para os adeptos, fizeram a sua vida estudantil por aqui.
Antiga Associação Académica (futebol clube) transformada num muito original restaurante, o STILL IS.
E mais não digo, apareçam.
Depois para um deserto, que fica aqui tão perto... uma saltada à Figueira da Foz, mas não a "mascarada".

domingo, 6 de março de 2011

Os nossos poetas


Sei os teus seios.
Sei-os de cor.

Para a frente, para cima,
Despontam, alegres, os teus seios.

Vitoriosos já,
Mas não ainda triunfais.

Quem comparou os seios que são teus
(Banal imagem) a colinas!

Com donaire avançam os teus seios,
Ó minha embarcação!

Porque não há
Padarias que em vez de pão nos dêem seios
Logo p'la manhã?

Quantas vezes
Interrogastes, ao espelho, os seios?

Tão tolos os teus seios! Toda a noite
Com inveja um do outro, toda a santa
Noite!

Quantos seios ficaram por amar?

Seios pasmados, seios lorpas, seios
Como barrigas de glutões!

Seios decrépitos e no entanto belos
Como o que já viveu e fez viver!

Seios inacessíveis e tão altos
Como um orgulho que há-de rebentar
Em deseperadas, quarentonas lágrimas...

Seios fortes como os da Liberdade
-Delacroix-guiando o Povo.

Seios que vão à escola p'ra de lá saírem
Direitinhos p'ra casa...

Seios que deram o bom leite da vida
A vorazes filhos alheios!

Diz-se rijo dum seio que, vencido,
Acaba por vencer...

O amor excessivo dum poeta:
"E hei-de mandar fazer um almanaque
da pele encadernado do teu seio"

Retirar-me para uns seios que me esperam
Há tantos anos, fielmente, na província!

Arrulho de pequenos seios
No peitoril de uma janela
Aberta sobre a vida.

Botas, botirrafas
Pisando tudo, até os seios
Em que o amor se exalta e robustece!

Seios adivinhados, entrevistos,
Jamais possuídos, sempre desejados!

"Oculta, pois, oculta esses objectos
Altares onde fazem sacrifícios
Quantos os vêem com olhos indiscretos"

Raimundo Lúlio, a mulher casada
Que cortejastes, que perseguistes
Até entrares, a cavalo, p'la igreja
Onde fora rezar,
Mudou-te a vida quando te mostrou
("É isto que amas?")
De repente a podridão do seio.

Raparigas dos limões a oferecerem
Fruta mais atrevida: inesperados seios...

Uma roda de velhos seios despeitados,
Rabujando,
A pretexto de chá...

Engolfo-me num seio até perder
Memória de quem sou...

Quantos seios devorou a guerra, quantos,
Depressa ou devagar, roubou à vida,
À alegria, ao amor e às gulosas
Bocas dos miúdos!

Pouso a cabeça no teu seio
E nenhum desejo me estremece a carne.

Vejo os teus seios, absortos
Sobre um pequeno ser

Poema de Alexandre O`Neill

Pintura de Henri Matisse

sexta-feira, 4 de março de 2011

Com tantos e bons filmes para ver, bom fim de semana



Paulo de Carvalho, o nosso Sinatra português...

Poetry - ***** estrelas

O que ficou por dizer...


Pois a tarde a que nos propusemos querida Gigi…. Ultrapassou as expetativas na torrente das palavras que viajaram pelo deserto do Saara e caíram como as cascatas de Vitória. Cobriste-me de areia com o deserto para mim desconhecido e salpicaste-me com as cataratas por visitar. Um dia hei-de ir, hei-de ir sempre a qualquer lado. Só não sei quando… Viajámos no tempo.
E a nossa conversa que tinha começado com o cinema e uma saudade de 40 anos.... Mas vou voltar ao principio. Vai ver o filme coreano “Poesia”, “Shi” em coreano.
Já tinha falado dele aqui em Novembro quando tive a felicidade de o ver no Estoril Film.
Trata de problemas mentais, da luta contra o Alzheimer de uma sexagenária, que lentamente se desvincula da realidade, que se vê confrontada com problemas familiares. Tudo é lícito para fugir à falta de memória. Escolhe o aprender a poemar de forma a transformar o poema que tem que escrever “ em 2he 20m de beleza e cicatrizes, num cinema perto de si. Um poema da condição humana escrito com palavras tão improváveis como Karaoke, badminton ou viagra.”
Para teu prazer e de quem aqui passar , agarrem este filme como ele se agarrou a mim .
Bom fim de semana.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Continuando com Eunice..." minha alma de sonhar anda perdida..."

- O Comboio da Madrugada - Mas que forma inesquecível o TEC teve de comemorar os seus 45 anos de vida....



Mas vale a pena tentar, há sempre quem desista à última da hora, porque a lotação parece estar esgotada até 3 de Abril.
E assim foi... Flora Goforth é salva porque, por uma vez na vida, um homem recusa-se a entrar no seu quarto. O herói também tem a capacidade de salvar porque não se deita com a anfitriã. Desta maneira, a peça apresenta o curioso espetáculo de um encontro entre um homem desejável e uma mulher mundialmente famosa pelos seus excessos sexuais, celebrando assim a santidade da recusa.... O jovem herói, Cristopher, é ao mesmo tempo intensamente sexual e estranhamente etéreo. No fundo é uma figura de morte que excita sexualmente velhas senhoras obscenas e loucas mas que também as notifica que o seu tempo acabou.
E,Flora (Eunice ) foi magistralmente notificada.

quarta-feira, 2 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

Estórias de cinema -2- 1932-2011


Bom... hoje é dia de óbito no Mar à Vista. Acontece, porque há vida.
Mas com Annie eu tinha uma relação de "afeto" muito grande. Primeiro por ser uma diva do cinema francês e fazer parte da minha apredizagem pelo gosto do cinema europeu, anos 70, depois, por uma pequena vaidade que me lisonjeava... diziam que eu era muito parecida com ela, sobretudo pelas expressões e corte de cabelo, curto, desde sempre e "trés avant gard"para a época. Senti-me impesionda quando vi o seu filme "Mourir d´Amour"... pois senti as semelhanças, apesar da diferença de idades mas que nessa altura se diluiam com o seu aspeto jovem...
Recordemo-la pois , nestes dois videos, no seu melhor e no seu pior, mas ainda assumido.

Estórias do cinema -1-


" Os Homens Preferem as Louras"

Jane Russell 1922-2011


Córtex Frontal: Frases que dizem tudo#links

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