terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Presentinho...
Um presentinho que a Fundação Nadir Afonso pôs hoje a público. Se ainda não conhecem os painéis da sua autoria, no túnel do paredão de Cascias que liga ao Parque Palmela, não deixem de o fazer. O parque em si também está uma delícia... Qualquer dia(s), lá para julho, teremos por lá o Estoril Jazz.
"Amados Gatos", gatos amados...
O SOFRIMENTO e a solidão de Théophile Gautier, já no final da vida, foram amenizados pela gata Éponine, de pêlo negro e olhos verdes, que ele achava mesmo capaz de caçar, com os certeiros movimentos das patas, as ideias que, já desencantado e triste, depois se encarregava de passar ao papel.
Quando se encontrava mais sorumbático e deprimido, o autor de Capitaine Fracasse, grande amigo de Victor Hugo, como ele um apaixonado pelos gatos, passava horas a acariciar o pêlo macio da sua companheira de todas as horas, da qual não admitia que nem a morte o separasse.
Mas o amor por Éponine não apagou a lembrança sempre presente de Séraphita, a sua primeira gata, de pêlo amarelo e branco, que se tornava irresistível com a sua vaidade e com o se gosto por perfumes caros.
Como no amor pelas pessoas queridas, Théophile Gautier sabia que ninguém ocupa o lugar de ninguém, podendo sempre coabitar as recordações mais duradouras.
O bem que as suas gatas lhe faziam passava pela sua presença junto dele enquanto escrevia, e pelo modo como o ajudavam, através do magnetismo de uma comunicação secreta, a arrumar ideias e a passá-las ao papel.
Um dia, disse:
- Não existem carinho e dedicação maiores que os das gatas. Ignoro o que seria de mim sem elas.
Tanto Séraphita como Éponine gostavam de o acompanhar nos passeios que dava pelo jardim para encontrar paz e alento para continuar a escrever.
Pensa-se em casos como o seu, e é-se forçado a concluir que ficam sempre inacabadas as estátuas que omitem os gatos amados por aqueles que a pedra o o bronze pretendem homenagear e perpetuar .In, Amados Gatos, de José Jorge Letria
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Leituras... "A Vertigem das Listas"
MARK TWAIN
AS AVENTURAS DE TOM SAWYER, (1876)
- Vá lá, deixa-me experimentar. Dou-te o caroço da minha maçã.
- Bom vejamos… Não, Ben, não faças isso. Temo que…
- Dou-ta TODA!
Tom entregou o pincel, com relutância no rosto , mas com entusiasmo no coração. E enquanto o vetusto vapor Big Missouri trabalhava e suava ao sol, o artista reformado estava sentado num barril, sob uma sombra próxima, bamboleava as suas pernas, mordiscava a sua maçã e planeava o massacre de mais inocentes. Não havia falta de material; os rapazes apareciam ali a cada instante; vinham para fazer troça mas ficavam para caiar. Quando Bem caiu para o lado, Tom já tinha trocado a próxima ronda por um papagaio em bom estado com Billy Fisher; e quando este acabou, Jonhy Miller pagou a sua vez com um rato morto e uma corda para o fazer rodopiar – e assim por diante, hora após hora. E quando o meio da tarde chegou, tendo começado, nessa manhã, por ser um rapaz muito pobrezinho, Tom estava a rebolar na sua riqueza. Além das coisas anteriormente mencionadas, doze berlindes, parte de um berimbau, um bocado de uma garrafa azul que fazia as vezes de um monóculo, uma fisga zarabatana, uma chave que não abria nada, um fragmento de giz, uma tampa de vidro de um decantador, um soldadinho de chumbo, um par de girinos, seis petardos, um gatinho com um olho só, uma maçaneta de latão, uma coleira – mas nenhum cão - , o cabo de uma faca, quatro bocados de casaca de laranja e parte de uma velha janela de guilhotina decrépita.
Ele passara, entretanto, um óptimo, fantástico tempo livre – cheio de companhia – e a vedação tinha três demãos de cal em cima! Se não tivesse esgotado a cal, ele teria arruinado todos os rapazes da aldeia.
Trababalhos de Jonh Haberle (1856-1933), A Gaveta de Um Desenhador
Texto tirado do livro A VERTIGEM DAS LISTAS, Umberto Eco
Trababalhos de Jonh Haberle (1856-1933), A Gaveta de Um Desenhador
Texto tirado do livro A VERTIGEM DAS LISTAS, Umberto Eco
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Há domingos assim...
Não há sábado sem sol, domingo sem missa e segunda sem preguiça...
Por cá, todos os dias são de sol. Dias "abensonhados". Dias amaldiçoados.
É a vida.
Pintura naif de Ronaldo Mendes
Por cá, todos os dias são de sol. Dias "abensonhados". Dias amaldiçoados.
É a vida.
Pintura naif de Ronaldo Mendes
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Bom fim de semana...
Imaginar, primeiro é ver.
Imaginar é conhecer, portanto agir.
In, No Reino da Dinamarca, de A. O' Neill
Pinturas de David Hockney, feitas em iPad
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Leituras..
"Portugal não é tido nem achado"…. A carta que ficou por assinar porque PPC ficou de fora…
Os ingleses e o seu charme discreto que lhe advém do chá que tomam…
...Quando da Conferência de Berlim sobre a partilha de África (1884-1885) e o Ultimato inglês (1890) contra a pretensão portuguesa de manter sob sua jurisdição os vastos territórios da África Austral entre Angola e Moçambique houve várias propostas para vender estes territórios a fim de resolver a grave crise financeira do país .Partilha de África acordada na Conferência de Berlim é uma demonstração eloquente da subalternização de Portugal na zona europeia.*
*Portugal não foi sequer convidado para assistir à conferência prévia, promovida pela Bélgica e pela Alemanha.
*Portugal não foi sequer convidado para assistir à conferência prévia, promovida pela Bélgica e pela Alemanha.
….
Em véspera do Ultimato, António Ennes escreve no seu jornal algo que nestes dias é perturbadoramente actual:
A Inglaterra vai estabelecer-se no interior das nossas possessões e, seguramente, se não tivermos especiais cautelas, deita-nos ao mar. Contar com a Europa, o que era dizer contar com a Alemanha, para nos defender, é um puro absurdo, não moveriam uma palha em nosso favor
(Ennes, 1946)
In, PORTUGAL, Ensaio contra a autoflagelação, de Boaventura de Sousa Santo
O meu tributo a José Afonso... Belo nome...
Há 25 anos , pelas 15h, Setúbal era um mar de gente . Um mar de lama e água. Chovia sem parar. O meu luto persistia, pois dias antes tinhamos perdido a nossa querida amiga Isabel Moita, uma alta militante do PCP e reputada bióloga, premiada no estrangeiro, mas por cá ignorada pelas suas opções apaixonantes de vida.
De Zeca não posso dissociar o seu compadre e grande amigo, António Quadros, pintor e poeta. Poemou imensas canções de Zeca.
Estarão aqui hoje os dois, pois na vida também foram indissociáveis até o pintor ter partido para Moçambique.
Arquitetos...
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Sonhos virtuais
Se os tempos fossem outros, bem que iria até Londres ver esta magnífica exposição de David Hockney. Também parece que está esgotadíssima, logo... "estão verdes, só os cães as podem tragar"...
Um pormenor. Parte das obras foram desenhadas em iPad, passadas a papel e ampliadas. Maravilha!
Ver AQUI.http://www.royalacademy.org.uk/exhibitions/hockney/
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Carnaval? Não, procissão...
Um dos "carnavais" da minha vida pela fé que a minha mãe debitava e ainda debita na Santa Rita de Cássia...
Um dia, por volta dos meu 11 anos, disse: - Agora é a mãe que vai vestida de santinha. A promessa é sua...
E tudo ficou por ali... Só o ar me ficou um pouco colado à pele...pois enquanto a procissão durava eu incorporava o que pensava ser uma santa, menina triste e sofrida. O batimento do meu andar era o da banda que tocava . Daí o meu prazer por bandas, o que por acaso a Figueira da Foz é pródiga em quantidade e qualidade.
Um dia, por volta dos meu 11 anos, disse: - Agora é a mãe que vai vestida de santinha. A promessa é sua...
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Só mais uma tragédia grega...
O mito grego de Medéia vem ganhando, desde a antiguidade, várias leituras. Teve versões de Ésquilo, Ovídio e Sêneca, por exemplo. Também originou peças de Corneille e Jean Anouilh, uma ópera de Cherubini e, no Brasil, a peça "Gota d'Água", de Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes. Pasolini escolheu o texto clássico de Eurípides para criar a sua versão, levada à tela pela cantora lírica Maria Callas. Segundo a lenda original, Medéia era uma feiticeira grega que, amante de Jasão, o líder dos argonautas, ajudou-o a conquistar o velocino de ouro e conseqüentemente, reivindicar o reino de Iolcos, na Tessália. Jasão, no entanto, apaixonou-se depois pela filha do rei de Corinto e abandonou Medéia. Enfurecida, a feiticeira mata os três filhos que tivera com Jasão e envia para a rival um manto que se incendeia ao ser vestido por ela, matando-a. "Me limitei a retirar do texto de Eurípides apenas algumas citações... Medéia é o confronto do universo arcaico e clerical com o mundo de Jasão, mundo racional e pragmático. Jasão é o herói atual, que não apenas perdeu o senso metafísico como sequer se questiona sobre isso. A sua procura busca apenas o sucesso. Confrontado à outra civilização, à raça do espírito, Jasão dá início a uma tragédia impressionante", disse Pasolini.
Este filme teve estreia mundial no Antigo Festival de Cinema da Figueira da Foz, em 1969. Foi marcante e inesqucível.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Momentos de ouro...
Diferenças? Muitas...
A primeira imagem é uma natureza morta de Baltazar Gomes Ferreira, pai da nossa querida Josefa d' Óbidos. Sé. XVI.
A segunda imagem, que de morta não tem nada, chegou bem vivinha aqui a casa e fez as delícias de um jantar a preceito. Pela quantidade da teca... outros jantares haverá com o verdadeiro "sapore di sale".
Há pescadores abençoados e que sabem "abensonhar"...
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Símbolos
"La vieillesse
C est la phase descendente de l´existence qui, toutefois, porte aussi en elle la sagesse et l`autorité de celui qui a désormais une longue expérience de la vie."
Por isso, quando os nossos queridos "velhos" se vão... é um livro de cabeceira que nos deixa.
Para si, ERA UMA VEZ...
C est la phase descendente de l´existence qui, toutefois, porte aussi en elle la sagesse et l`autorité de celui qui a désormais une longue expérience de la vie."
Por isso, quando os nossos queridos "velhos" se vão... é um livro de cabeceira que nos deixa.
Para si, ERA UMA VEZ...
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
A janela dos sonhos está cada vez mais sombria...
A lista do prémio nobel...
Deixem-me partilhar convosco uma lista de desejos que tornaria real o mundo de sonho que gostaria de ver emergir até 2050. Estes são os meus sonhos, mas espero que muitos deles coincidam com os vossos. Tenho a certeza de que gostaria de fazer meus muitos dos sonhos que constituem a vossa lista.
Esta é a minha:
O mundo deixará de ter pobres, pedintes, pessoas sem-abrigo ou crianças de rua. Todos os países terão o seu próprio museu da pobreza.
Deixem-me partilhar convosco uma lista de desejos que tornaria real o mundo de sonho que gostaria de ver emergir até 2050. Estes são os meus sonhos, mas espero que muitos deles coincidam com os vossos. Tenho a certeza de que gostaria de fazer meus muitos dos sonhos que constituem a vossa lista.
Esta é a minha:
O mundo deixará de ter pobres, pedintes, pessoas sem-abrigo ou crianças de rua. Todos os países terão o seu próprio museu da pobreza.
Nos quatro cantos do mundo serão abolidos os passaportes ou os vistos. Todas as pessoas serão verdadeiramente consideradas cidadãs globais e terão o mesmo estatuto.
As guerras terminarão, assim com todos os preparativos de guerra e os poderes militares que travam essas guerras. Deixarão de existir armas nucleares ou quaisquer outras armas de destruição maciça.
Um futuro melhor.
… … …
Tornar os sonhos realidade
Estamos tão absorvidos nos nossos afazeres diários e tão ocupados a gozar a vida que nos esquecemos de olhar pela janela das nossas existências para descobrir aonde nos encontramos nesta nossa jornada e reflectir para onde queremos ir. Assim que descobrirmos onde queremos estar no final, será muito mais fácil lá chegar.
Cada um de nós deverá elaborar uma lista de desejos qe nos permitam reflectir sobre o mundo que gostaríamos de ter quando formos velhos. Depois, deveríamos pendura-la numa das paredes de nossa casa para nos questionarmos sobre se estamos mais perto de chegar ao objectivo final.
Excerto de um texto de Muhammad Yunus, prémio nobel da Paz em 2006
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Leituras... em sossego posta...
Mais nada... Um pouco de sol, um pouco de brisa, umas árvores que emolduram a distância, o desejo de ser feliz, a mágoa de os dias passarem, a ciência sempre incerta e a verdade sempre por descobrir. Mais nada, mais nada... Sim, mais nada....
Nunca amamos alguém. Amamos, tão somente, a ideia a que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual bscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.
( Fragmentos de Livro do Desassossego)
Olhos que te viram...
Um ex-libris da cidade de Lisboa que encerra hoje as suas portas... Nunca mais aqui entrarei com a mesma facilidade com que o faço para visitar um museu que era o que acontecia com a Ourivesaria Aliança. Ouvi dizer que um condomínio vai nascer por aqui...
Ainda há pouco tempo a visitei para que a memória não se não se me apagasse.
Vejam aqui as belas lojas da cidade, retanham-nas, pois pode vir a ser sol de pouca dor.
Depois de ter feito este post li este artigo na Visão.
Conversas à hora do chá...
Conversas à hora do chá. Falávamos do dia de namorados. A senhora minha mãe repetiu-se, como sempre, sobre "os amores" e os "desamores". Eu de prazeres e dores. E ela rematou:
- Não há amor como o primeiro, enquanto não vem o segundo ou o terceiro...
E, às vezes assim é....
Conde Castro Guimarãe, Cascais ,,Bule do acervo do Museu
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Para uma boa semana... um dito, para que depois não se dê o dito por não dito...
"Se o seu amigo tem um amigo, e o amigo do seu amigo tem também um amigo - então seja discreto"
O que nem sempre acontece... E, algumas boas avòzinhas ensinaram isso às suas queridas (os) netinhas(os).
O que nem sempre acontece... E, algumas boas avòzinhas ensinaram isso às suas queridas (os) netinhas(os).
domingo, 12 de fevereiro de 2012
sábado, 11 de fevereiro de 2012
As minhas "porcelanas"... uma delas é aquariana...
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Sociedade Nacional de Belas Artes em festa numa exposição a não perder...
Uma exposição a não perder... Como se pode ver na "lapela" deste espaço, ontem começou a festa de homenagem a um pintor , crítico de arte e curador, Fernando de Azevedo.
A SNAB estava em festa. Centenas de pessoas, na sua maioria artistas de todas as vertentes formais da arte.
A nata dos pintores portugueses olhavam os seus trabalhos e os dos que já não estão entre nós. Modernistas e contemporâneos num esplendor coletivo.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Vida...
Quadro de Miró datado de 1926, leiloado por 20 milhões de euros...
A loucura total... também no mundo da arte.
A loucura total... também no mundo da arte.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Leituras...
Sobre o arbitrário e leviano com que se fazem nomeações para cargos políticos:
Lástima é que para escolher um melão se façam mais provas e diligências da sua bondade que para um conselheiro e para um ministro
( D. Francisco Manuel de Melo, publicado postumamente em 1721)
In, Portugal - Ensaio contra a Autoflagelação
Pintura de Nick Fedaeff
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Afinal, é a palavra de ordem... "tolerância"... mas de ponto
Parece que desta vez é o povo quem mais ordena... Já assim foi e assim será...
Uma nódoa imensa no babete de PPC.
Pelo que estou a ouvir nas notícias o homem já não sabe o que diz... arrasta-se. Eu diria mesmo que o seu discurso é de uma tremenda "pieguice", como demonstei na sinonímia no post anterior.
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