terça-feira, 13 de novembro de 2012

Jorge de Sena e a Figueira em "Sinais de Fogo"

O liceu findara, e. com ele, todo um estilo de obrigações de vida. E estas férias eram como que o refazer prévio de uma nova pele. Na Figueira, eu sentira precisamente isso . O meu tio que gastava as noites todas, e o dinheiro que ganhava, no Casino, levava-me às vezes consigo, em anos passados, e eu ficava vagueando, até me aborrecer, pelo salão de baile, os corredores, as antessalas, porque não me deixavam passar a porta do bar ou dos salões de jogo. Mas, nestas férias, não fora assim. Meu tio, afirmando categoricamente que eu era um «universitário», e que um universitário era, para todos os efeitos, maior e vacinado, arrancara-me da gerência um cartão de livre-trânsito. E eu, com alguns conhecidos de praia e um


primo meu (que nesse ano, também estava em casa do meu tio), circulava pelo casino todo, impante de importância. fazendo olhos de carneiro mal morto às «borboletas»do bar, que eram caras como o diabo. E tive mesmo um arranjo com uma delas, que me chamava seu «filho» ( o que me irritava) e me levava para o quarto dela.

Leio SINAIS DE FOGO  de Jorge de Sena. Há um entusiasmo natural da minha parte pelo que ele viveu nos anos 30/40 e o que eu vivi  , sendo eu figueirense, nos anos 60 /70
coisas há que não foram muito diferentes... 
Revivo o meu passado e o de amigos(as) que passaram durante anos  férias na Figueira, Rainha das Praias de Portugal  e as estórias de "namoridos" dos rapazes com espanholas  e as serviçais de hotelaria e domésticas que acompanhavam os seus "patrões" para as lides estivais... Mas , cada um na sua lide, claro está...

Excerto da pág, 62 do livro, Sinais de Fogo
Fotografias da Figueira, casino, Sala de Jogo e Salão Nobre e uma fotografia que deve ser do princípio do séc.XX