domingo, 25 de novembro de 2012

"O mundo inteiro é um palco...."

 O mundo inteiro é um palco,
E todos os homens e mulheres são meros atores:
Eles têm suas saídas e suas entradas;
E um homem cumpre em seu tempo muitos papéis.
Seus atos se distribuem por sete idades. No início a criança
Choraminga e regurgita nos braços da mãe.
E mais tarde o garoto se queixa com sua mochila,
E seu rosto iluminado pela manhã, arrastando-se como uma lesma
Sem vontade de ir à escola. E então o apaixonado,
Suspirando como um forno, com uma balada aflita,
Feita para os olhos da sua amada. Depois o soldado,
Cheio de juramentos estranhos, com a barba de um leopardo,
Zeloso de sua honra, rápido e súbito na briga,
Buscando a bolha ilusória da reputação
Até mesmo na boca de um canhão. E então vem a justiça,
Com uma grande barriga arredondada pelo consumo de frangos gordos,
Com olhos severos e barba bem cortada,
Cheio de aforismos sábios e argumentos modernos.
E assim ele cumpre seu papel. A sexta idade o introduz
Na pobre situação de velho bobo de chinelos,
Com óculos no nariz e a bolsa do lado,
Suas calças estreitas guardadas, o mundo demasiado largo para elas,
Suas canelas encolhidas, e sua grande voz masculina
Quebrando-se e voltando-se outra vez para os sons agudos,
Os sopros e assobios da infância. A última cena de todas,
Que termina sua estranha e acidentada história,
É a segunda infância e o mero esquecimento,
Sem dentes, sem mais visão, sem gosto, sem coisa alguma.

[“As You Please”, Ato II, Cena VII, em “The Complete Works of William Shakespeare”, Edited by W. J. Craig, M.A., Magpie Books, London, 1992, 1142 pp.] 

As minha fotos, ontem , em dia de chuva, no Terreiro do Paço, Lisboa