domingo, 29 de setembro de 2013
Ai o meu nariz de "Cleópatra"... e as" palavras" soltas da calçada...
OS CALCETEIROS
Escrevem na rua:
juntam
cuidadosamente
palavras.
Pegam-lhes
sílaba a sílaba,
escolhem, unem,
completam,
tocam
ao de leve por cima
e continuam.
Com o maço
e o suor
assinam.
António Osório, de A Ignorância da Morte, 1978
*** Atenção, levantem bem os pézinhos, pois anarigar é doloroso...
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Momentos de ouro...
Atreve-te a julgar.
Julga os outros julgando-te a ti mesmo.
A natureza das coisas é a tua natureza.
Respira-te, despe-te,
faz amor com as tuas convicções,
não te limites a sorrir
quando não sabes mais o que dizer.
Os teus dentes
estão lavados, as tuas mãos são amáveis
mas falta-te
decisão nos passos e firmeza nos gestos.
Procura-te. Procura encontrar-te antes que
te agarre a voracidade do tempo.
Faz as coisas com paixão.
Uma paixão irrequieta que não te dê descanso
e te faça doer a respiração.
Aspira o ar, bebe-o com força, é teu,
nem um cêntimo pagarás por ele.
Quanto deves é à vida, o que deves é a ti mesmo.
Canta.
Canta a água e a montanha e o pescoço do rio,
e o beijo que deste e o beijo que darás, canta
o trabalho doce da abelha e a paciência
com que crescem as árvores,
canta cada momento que partilhas com amigos,
e cada amigo
como um astro que desponta
no firmamento breve do teu corpo.
E canta o amor. E canta tudo o que tiveres razão para cantar.
E o que não souberes e o que não entenderes, canta.
Não fujas da alegria.
A própria dor ajuda-te a medir
a felicidade. Carrega nos teus ombros os séculos passados
e os séculos vindouros,
muito do pó que sacodes já foi vida,
talvez beleza, orgulho, pedaços de prazer.
A estrela que contemplas talvez já não exista, quem sabe,
o que te ajudou a ser vida de quantas vidas precisou.
Canta!
Se sentires medo, canta.
Mas se em ti não couber a alegria, não pares de cantar.
Canta. Canta. Canta. Canta. Canta.
Constrói o teu amor, vive o teu amor,
ama o teu amor. De tudo o que as pessoas querem,
o que mais querem é o amor.
Sem ele, nada nunca foi igual, nada é igual,
nada será igual alguma vez.
Canta. Enquanto esperas, canta.
Canta quando não quiseres esperar.
Canta se não encontrares mais esperança.
E canta quando a esperança te encontrar.
Canta porque te apetece cantar e
porque gostas de cantar e
porque sentes que é preciso cantar.
E canta quando já não for preciso.
Canta porque és livre.
E canta se te falta a liberdade.
Julga os outros julgando-te a ti mesmo.
A natureza das coisas é a tua natureza.
Respira-te, despe-te,
faz amor com as tuas convicções,
não te limites a sorrir
quando não sabes mais o que dizer.
Os teus dentes
estão lavados, as tuas mãos são amáveis
mas falta-te
decisão nos passos e firmeza nos gestos.
Procura-te. Procura encontrar-te antes que
te agarre a voracidade do tempo.
Faz as coisas com paixão.
Uma paixão irrequieta que não te dê descanso
e te faça doer a respiração.
Aspira o ar, bebe-o com força, é teu,
nem um cêntimo pagarás por ele.
Quanto deves é à vida, o que deves é a ti mesmo.
Canta.
Canta a água e a montanha e o pescoço do rio,
e o beijo que deste e o beijo que darás, canta
o trabalho doce da abelha e a paciência
com que crescem as árvores,
canta cada momento que partilhas com amigos,
e cada amigo
como um astro que desponta
no firmamento breve do teu corpo.
E canta o amor. E canta tudo o que tiveres razão para cantar.
E o que não souberes e o que não entenderes, canta.
Não fujas da alegria.
A própria dor ajuda-te a medir
a felicidade. Carrega nos teus ombros os séculos passados
e os séculos vindouros,
muito do pó que sacodes já foi vida,
talvez beleza, orgulho, pedaços de prazer.
A estrela que contemplas talvez já não exista, quem sabe,
o que te ajudou a ser vida de quantas vidas precisou.
Canta!
Se sentires medo, canta.
Mas se em ti não couber a alegria, não pares de cantar.
Canta. Canta. Canta. Canta. Canta.
Constrói o teu amor, vive o teu amor,
ama o teu amor. De tudo o que as pessoas querem,
o que mais querem é o amor.
Sem ele, nada nunca foi igual, nada é igual,
nada será igual alguma vez.
Canta. Enquanto esperas, canta.
Canta quando não quiseres esperar.
Canta se não encontrares mais esperança.
E canta quando a esperança te encontrar.
Canta porque te apetece cantar e
porque gostas de cantar e
porque sentes que é preciso cantar.
E canta quando já não for preciso.
Canta porque és livre.
E canta se te falta a liberdade.
Joaquim Pessoa. Vou-me embora de mim. Hugin. 2000.
Ontem, no Teatro Gil Vicente, em Cascais, no comício de apoio aos candidatos da CDU -PEV.
domingo, 22 de setembro de 2013
"que as quatro estações te dêem alegria"
Não vivas nesta terra
Como um inquilino,
Ou em férias
Na natureza.
Vive neste mundo
Como se ele fosse a casa do teu pai.
Acredita na terra, no mar, na terra,
mas sobretudo no homem.
Sente a tristeza
Do louro que seca,
Do planeta que se apaga,
Do animal doente,
Mas antes de tudo, a tristeza do homem.
Que todos os bens terrenos
Te dêem alegria.
Que a sombra e a claridade
Te dêem alegria
Que as quatro estações
Te dêem alegria,
Mas sobretudo que o homem, que o homem
Te dê alegria.
NAZIM HIKMET
sábado, 21 de setembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
ó mar "Salgado"...
são lágrimas de Portugal .
Por ti, choramos quase todos...
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
O que a(s) campanha(s) eleitoral me sugeriu....
(...) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.
Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.
Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.
Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim
Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.
Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi.
Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim
terça-feira, 17 de setembro de 2013
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
"Educai bem as criancinhas, para não punir os adultos"*
Libertação
Menino doido, olhei em roda, e vi-me
Fechado e só na grande sala escura.
(Abrir a porta, além de ser um crime,
Era impossível para a minha altura...)
Como passar o tempo?...E diverti-me
Desta maneira trágica e segura:
Pegando em mim, rasguei-me, abri, parti-me,
Desfiz trapos, arames, serradura...
Ah, meu menino histérico e precoce!
Tu, sim! Que tens mãos trágicas de posse,
E tens a inquietação da Descoberta!
O menino, por fim, tombou cansado;
O seu boneco aí jaz esfarelado...
E eu acho, nem sei como, a porta aberta!
José Régio, Poemas de Deus e do Diabo
* Por acaso ouvi esta frase de Pitágoras, hoje, duas vezes. Algo me disse que a tinha que partilhar.
Dizem, que não há duas sem três...
O que fez a Escola e pais, para termos a "gente" que temos?
domingo, 15 de setembro de 2013
"a vida é cousa tão séria"...
As imagens aqui, valem para mim, uma boa dezena de palavras...
Na arte procuramos os efeitos para cada momento do que vamos vivendo no dia a dia e que queremos destruir pela incomodidade sem fim a que nos conduz.
De homicidas(aqui) que são, gostava de ver gentes a transformarem-se em suicidas porque não merecem viver.
(as duas últimas fotos foram tiradas na exposição "O RISO", excerto de trabalho de Eduardo Batarda)
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
A ela virei mais tarde...
ETIQUETA: NATÁLIA CORREIA
Natália Correia — O encontro
O Encontro
Como se um raio mordesse
meu corpo pêro rosado
e o namorado viesse
ou em vez do namorado
um novilho atravessasse
meus flancos de seda branca
e o trajecto me deixasse
uma açucena na anca
como se eu apenas fosse
o efeito de um feitiço
um astro me desse um couce
e eu não sofresse com isso
como se eu já existisse
antes do sol e da lua
e se a morte me despisse
eu não me sentisse nua
como se deus cá em baixo
fosse um cigano moreno
como se deus fosse macho
e as minhas coxas de feno
como se alguém dos espaços
me desse o nome de flor
ou me deixasse nos braços
este cordeiro de amor
in. Poemas a Rebate, Natália Correia
Tirado do site Etiquet. Natália Correia
Pintura de Artur Bual
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Olhares pelo outono da vida...
Fotografia de Édouard Booubat,( 1923-1999)
O fotógrafo da época (anos 50, ?)
Aquele mar da minha infância
Bom camarada e meu irmão...
... ... ... ... ... ... ...
Eu sorrirei, calmo e contente
Se ouvir e vir. perto, bem perto
O mar fraterno, o mar eterno, o livre mar...
João de Barros, poeta e pedagogo, nascido na Figueira da Foz
O fotógrafo da época (anos 50, ?)
Aquele mar da minha infância
Bom camarada e meu irmão...
... ... ... ... ... ... ...
Eu sorrirei, calmo e contente
Se ouvir e vir. perto, bem perto
O mar fraterno, o mar eterno, o livre mar...
João de Barros, poeta e pedagogo, nascido na Figueira da Foz
terça-feira, 10 de setembro de 2013
O olhar dos outros...
Nazaré, do fotógrafo Edouard Boubat, 1947
Esse outro Portugal não escaparia à objectiva de Edouard Boubat, que na praia da Nazaré fez uma das suas mais conhecidas fotografias, que haveria de figurar na capa do deu primeiro livro - Ode Maritime - publicado no Japão em 1957. (Eduardo Lourenço)
De Stanley Kubrick, 1957, Nazaré
Jean Dieuzaide, 1954, Nazaré (fotografia em baixo)
Venham a mim as criancinhas... Mas quais, Senhor?
Todos iguais... Uns mais do que outros.
(cartaz a ver na exposição no Museu do Oriente. Além deste há mais 99...)
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Aconteceu.... Leituras breves
Rapto na Paisagem, 1947, de António Pedro
9 de Setembro de 1965
Disseram versos de António Pedro na Emissora.
Fracos.
- O António era fraco em tudo... - opinou o João. - Na Poesia, na Pintura, nas faianças... Mas parece que era bom inventor de teatro...
A infelicidade dos homens que procuram a imortalidade nas artes infixáveis!... (pensei)
*
Música de Carl Orff (aliás, filha espúria de certo Stravinski, limitada pela pouca imaginação de Carl Orff)...
A Dolly:
- É música aos buracos.
José Gomes Ferreira, in Passos Efémeros
Dias comuns - 1
9 de Setembro de 1965
Disseram versos de António Pedro na Emissora.
Fracos.
- O António era fraco em tudo... - opinou o João. - Na Poesia, na Pintura, nas faianças... Mas parece que era bom inventor de teatro...
A infelicidade dos homens que procuram a imortalidade nas artes infixáveis!... (pensei)
*
Música de Carl Orff (aliás, filha espúria de certo Stravinski, limitada pela pouca imaginação de Carl Orff)...
A Dolly:
- É música aos buracos.
José Gomes Ferreira, in Passos Efémeros
Dias comuns - 1
domingo, 8 de setembro de 2013
Olhares... Bom domingo
Praça da Alegria, Lisboa (fotografia), onde funcionou o Hot Club
"If you understood everything I say, you'd be me!"
Miles Davis
sábado, 7 de setembro de 2013
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Ai Pacheco, Pacheco... Leituras breves....
Domingo de manhã fui com a Amada para a praia nos rochedos junto do mar vi pela primeira vez o seu corpo nu feito espuma e onda. Ficamos calados (como quem esta só) escondidos de todos à beira-água (como quem a ama, apetecendo-a como os suicidas), o seu corpo cheirava a maresia (cheiraria?). Numa grande doidice de beijos e carícias leves beijei seus pés de espuma macia... em lírica, diria: pés de sereia; em realística, diria: pés de virgem (feia); em novelística, da antiga, diria: pés de deusa brinca-brincando na areia; em novelística, novíssima: patitas catitas de centopeia..., beijei seus pés; por ali mesmo a comecei a beijar. Caprichos de libertino: o corpo da Amada ficou lá nos rochedos à beira-água onda infatigável desfeito liquefeito brisa de maresia pairando no bafo quente do ar e eu guardo no meu quarto na minha colecção mais um sexo de donzela conservado em álcool e memória, numa mistura fácil de três por dois, tintos.
Luiz Pacheco, excerto de “Os Namorados”
Imagem Google
Pintura de Jesus de Perceval, in Poetas Apaixonados
Luiz Pacheco, excerto de “Os Namorados”
Imagem Google
Pintura de Jesus de Perceval, in Poetas Apaixonados
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Entre o aqui e o agora, falou-se Esteban Vicente, expressionista americano
O expressionismo compreende a deformação da realidade para expressar de forma subjectiva a natureza e o ser humano, dando primazia à expressão de sentimentos em relação à simples descrição objetiva da realidade. Entendido desta forma, o expressionismo não tem uma época ou um espaço geográfico definidos, e pode mesmo classificar-se como expressionista a obra de autores tão diversos como o holandes Piet Zwiers, Matthias Grünewald, Pieter Brueghel, o Velho, El Greco ou Francisco de Goya. Alguns historiadores, de forma a estabelecer uma distinção entre termos, preferem o uso de "expressionismo" – em minúsculas – como termo genérico, e "Expressionismo" –com inicial maiúscula– para o movimento alemão.
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