domingo, 30 de março de 2014

O meu amor gostas de flores...

                                                                    Beneath My Feet
                                                              1929 de Ivan Albright


Se não gostasse, seria um amor-imperfeito.
Se fosse( im)perfeito, não seria o meu amor...

quarta-feira, 26 de março de 2014

Outras vidas... Regressão?


«Portugal, anos 70 do Século XX, não gostaria de voltar a este País,mas infelizmente estamos cada vez 

mais perto.."

Palavras de Alfredo Cunha, fotografias também, anos 70.
Agora vos digo. Assim era a minha escola em 1974, sem luz e alguma água.
Alunos, eram 42. Ainda hoje me questiono do que fiz e como, neste meu 1º ano de trabalho em 1973/74, bem perto de Peniche. Só sei que aprendi à minha custa...


domingo, 23 de março de 2014

Desta janela de ar e ansiedade

 podemos ver compor-se a primavera
lentamente por cima das casas

Gastão Cruz, Sustenido-2
As minhas fotos, Belém

sábado, 22 de março de 2014

Bom fim de semana



Hoje, quem sabe,se  este sol enganador primaveril nos dá un soleil couchant  de tons outonais como este que aqui vos deixo, com os desejos de bom fim de semana e uma sugestão
.DIA MUNDIAL DA POESIA
CCB | 22 de Março | das 11h às 18h30
Entrada Livre

« Já não Escreverei Romances


Já não escreverei romances
Nem contos da fada e o rei.
Vão-se-me todas as chances
De grande escritor. Parei. 

Mas na chispa do verso,
Com Marga a aquecer-me,
Já não serei disperso
Nem poderei perder-me.
Tudo nela é verbo e vida;
Xale, cílio, tosse, joelho,
Tudo respinga e acalma.
Passo, óculos, nada é velho:
Quase corpo, menos que alma.
Já não lavrarei novelas,
Ultrapassado de ficto:
A vida dá-me janelas
A toda a extensão do dicto.
Mas sem elas, mas sem elas
(As suas mãos) fico aflito. »

Vitorino Nemésio, in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga
"



sexta-feira, 21 de março de 2014

Olhares com poesia...


Ontem andei a fotografar a Primavera já instalada e despedir-me do Inverno. 
Por aqui, todas as estações do ano são belas, mas o Outono e a Primavrera, deslumbram.

Hoje é o dia Mundial da Poesia... Sinto-lhe o cheiro através da audição... Metáfora? Claro. Maior metáfora da vida que a dos poetas e sua poesia?
Olhem, é só a minha opinião...

Escolho hoje um poeta amigo, apesar de virtual, mas muito querido, que podem visitar AQUI.


UMA FLOR VERMELHA NAS PAREDES DO CAIS

Não sei quem és
mas pelos gestos vieste por bem
rasgar o vento com as mãos
a neve dos meus cabelos
e eu cansado de florestas apócrifas
das palavras em bando
comecei a plantar árvores
vi os pássaros regressarem
em acordes
a luz das noites que não dormem

na partilha de horizontes
o amor é revolucionário
voa nos mastros mais altos
garatuja búzios de sons
intervém por causas
muito para lá das utopias
e se levanta resiste
ao pôr do sol
mesmo que os barcos entristecidos
estilhacem
nos espelhos da água
algumas pedras com vida por dentro

registo por um instante
o ar que se move

pinto com a boca
na tua boca

uma flor vermelha
nas paredes do cais

Eufrázio Filipe, também poeta

Fotos, Jardim dos Passarinhos, Monte Estoril

quinta-feira, 20 de março de 2014

Primavera em continuação...


"um verso: quanto mais não vale um ser humano e vivo" *

                                   

Ontem foi dia do Pai ,hoje  mais um dia , como muitos,  de filho à mesa... 
Não há conversas avinagradas pois ambos prometemos interiormente nos aproximarmos o mais possível do avô Costa. Nunca falámos disso, mas está implícito na nossa natureza.
Falámos da Primavera e da mudança da hora que se aproxima tornando os dias mais longos e apetitosos.  Do filme que ontem vi , "Uma longa Viagem", ou o homem que gostava de comboios e foi torturado por isso.. Comentei que esta vaga de filmes biográficos cada vez me encantam mais e põem a nu a crueldade dos homens. Depois veio a Ucrânia, Crimeia a Rússia... 
Já temos tanto que nos incomode que mais uma vez e a bom conselho fui convidada a viver as coisas mais simples da vida e temos tantas para onde nos virar e bem mais próximas de nós.
Ou seja, momentos de amor e reflexão e um cozinhado à moda da mãe .

* Raul de Carvalho
Fotografia -  Plantas, património cultural do Cabo da Roca- 

quarta-feira, 19 de março de 2014

Dia 19 de Março.... Olhares...


Mas todos os dias te lembro, Pai .
Soberano no pensar e no olhar... além do teu belo metro e oitenta e cinco de altura. Lá na praça ombreavas com a estátua do Manuel Fernandes Tomáz e eu brincava contigo.
Deixaste me crescer em liberdade, coisa pouco normal para a época. Deixaste-me olhar o Mundo pela janela mais aberta que existe e vive-lo na medida das possibilidades dos tempos obscuros da época.
Gostava que soubesses que tento imitar-te o mais possível. Ser muito bonita por dentro.

"Na verdade, poucos filhos são semelhantes ao pai; / a maioria é inferior, poucos são melhores que ele."
Homero

terça-feira, 18 de março de 2014

Uma descoberta no mundo do Jazz


Manhãs longas...



porque são curtas as noites.
Este país está está a pôr a minha, as nossa vidas em causa.
Não é fácil coexistir com a brandura visível perante tanta maldade e arrogância. Quem somos nós afinal?

Portugal
Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir
como se tivesse oitocentos

Jorge de Sousa Braga, Portugal

Fotografia de José Manuel Rodrigues

segunda-feira, 17 de março de 2014

Coisas do Zé...


e do Zé Penicheiro... 
1922-2014

O Zé...

José Penicheiro, pintor oficial da região centro, partiu aos 92 anos, ontem.
Tenho recordações  pictóricas e  de boa amizade apesar de já o não ver há anos.  de todas as gravuras que possuo , este pequeno desenho é especial. Ternurento e assinado com o seu simplesmente, Zé.
Mais sobre o artista, AQUI.

Será que ainda não saí das Caldas?

 Mas não estou em termas... Ai "balha-me Deus"... 


Eu creio tanto na influência dos maus jantares como no das más companhias na índole dos indivíduos, e adopto para mim esta sentença: «Diz-me o que comes, dir-te-ei as manhas que tens».


Ramalho Ortigão

Parque das Caldas da Rainha, escultura de Ramalho Ortigão

domingo, 16 de março de 2014

Leituras breves e soalheiras..., porque o dia é disso mesmo

 Amigo
Mal nos conhecemos 
Inaugurámos a palavra «amigo». 

«Amigo» é um sorriso 
De boca em boca, 
Um olhar bem limpo, 
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece, 
Um coração pronto a pulsar 
Na nossa mão! 

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

Fotografias do Parque Termal das Caldas da Rainha : Bem degradadinho está, o edifício, claro.

Bom domingo....

Pintura de Eduardo Viana, "Nu", de 1925

Que os dias de primavera alegrem os nossos dias...
As pinceladas de Eduardo Viana provocaram em mim o desejo das cores dos dias que correm. 

sexta-feira, 14 de março de 2014

As breves do dia de hoje

Um dia, a vitoria da coadopção acontecerá.
Os cínicos do costume, esquecem ou nunca tiveram uma avó a jeito e proverbial que lhes dissesse que parir é dor e criar é amor . Uma e outra forma têm que ser salvaguardadas.

Pintura Russa período romântico

quinta-feira, 13 de março de 2014

Reflexão do meu dia de hoje....




Horário do Fimmorre-se nada 
quando chega a vez 

é só um solavanco 
na estrada por onde já não vamos 

morre-se tudo 
quando não é o justo momento 

e não é nunca 
esse momento 

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
Piéta de Michelangelo

terça-feira, 11 de março de 2014

Não tinha que ser assim...

hoje  estive tão triste
que ardi centenas de fósforos
pela tarde fora

José Tolentino de Mendonça

E, pela calada da noite um incêndio tomou conta das nossas cabeças e corações...
Tinhas a idade de Cristo, Pedro.

domingo, 9 de março de 2014

Olhares....

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirara a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

Eugénio de Andrade, O Sorriso
Rabirruivo (Fêmea) 
Local: Cabo Espichel

Foto surripiada a Francisco Clamote

sábado, 8 de março de 2014

Bom fim de semana e mais logo volto às nossas Mulheres.... pois....


agora vou ver a temperatura do sol e comprar flores.

Os homens continuam a balançar entre o afecto e uma enorme brutalidade. Penso que as estatísticas ainda não correspondem à verdade sobre a sua natureza predadora no pior sentido da palavra, maltratam a carne e o espírito. Matam por maldade e loucura.
O meu pensamento é para essas mulheres sofredoras  que vai hoje. Os homens que me desculpem, os bons homens, claro... 

Tempo de voltar ao cartão ....
Como se pedia namoro antigamente. Um pouco de história.
Até logo.

quinta-feira, 6 de março de 2014

leituras breves...

" As dívidas serviram, diz-se, para excitar o génio de Dickens e Balzac: não encontrando em mim um génio a excitar, vingam-se da humildade do seu papel torturando-me"

Eça de Queirós

Público, 6/03/2014, ESCRITO NA PEDRA

segunda-feira, 3 de março de 2014

« A RAPARIGA FRANCESA», Hiroshima Meu Amor

RETRATO DA FRANCESA

Tem trinta e dois anos.
É mais sedutora do que bela.
Poder-se-ia chamar-lhe, de certa maneira «The Look» («O Olhar»). Nela, tudo «passa pelo olhar», desde a palavra ao movimento.
Este olhar está esquecido de si próprio. Esta mulher olha por
sua conta. O seu olhar não consagra o seu comportamento, ultrapassa-o sempre .

Sem dúvida que, no amor, todas as mulheres têm os olhos belos, mas, a esta em particular, o amor lança-a na desordem da alma (escolha voluntariamente stendhaliana do termo) um pouco antes do que ás outras. Porque ela está mais « apaixonada pelo próprio amor» do que as outras mulheres.
Sabe que se não morre de amor. Durante a sua vida teve uma esplêndida ocasião para morrer de amor. Ela não morreu em Nevers. Depois, e até hoje, em Hiroshima, onde encontra este japonês, arrasta consigo, dentro de si, a »melancolia» de quem viu adiada a única oportunidade de decidir o seu próprio destino.
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 Excerto de apêndice do livro escrito por Duras para Alain Resnais, HIROSHIMA MEU AMOR, QUETZAL EDITORES, 1987