quarta-feira, 30 de abril de 2014

leituras breves...



TODA A BELEZA SE HÁ-DE CUMPRIR


"mas quando se juntam à roda da mesa
na vaga euforia que a hora consente,
já quase acreditam que podem voltar
à pequena praça, à luz entrevista de um
quarto de hotel, onde a noite é nova
e toda a beleza se há-de cumprir."

-"Oráculos de Cabeceira"
- Rui Pires de Cabral 


(via fb, Sr. Teste)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

dou-te um verso...

Félix Vallotton, The Lake in the Bois de Boulogne, 1921


Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

De Nuno Júdice

domingo, 27 de abril de 2014

Vasco Graça Moura (1942-2014), o poeta, o intelectual... *


Soneto do amor e da morte

quando eu morrer murmura esta canção 
que escrevo para ti. quando eu morrer 
fica junto de mim, não queiras ver 
as aves pardas do anoitecer 
a revoar na minha solidão.
quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não
tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.


Vasco Graça Moura

* Do que eu não gostava, ele saberia porquê...

(imagem cujo autor perdi )

Poema retirado do mural de Manuel Monteiro via FB

quinta-feira, 24 de abril de 2014

...de 24 para 25 de Abril de ... Aconteceu

                        
  Em certo sentido, toda a “revolução” começa a envelhecer no dia do seu próprio nascimento; daí, também, que o a sua simultânea dimensão épica, utópica e trágica, faceta bem sintetizada na lição que mostra – pelo menos desde a Revolução Francesa – que todas elas, mesmo quando vitoriosas, tarde ou cedo acabam por devorar os seus próprios filhos.

(Extraído de Fernando Catroga, Os passos do homem como restolho do tempo. Memória e fim do fim da história, Coimbra, Almedina, 2009, 

terça-feira, 22 de abril de 2014

procurando um outro tempo...

 Remexo nos jornais encadernados desde o no 1 , de junho de 1966, o MAR ALTO, até 1971, uma criação que acompanhei com carinho e muita curiosidade e do melhor que se fazia em jornalimo,  na região, a minha Figueira... Há muito que os não visitava, adormecidos estavam . 
Vergonha tenho de os pedir a minha Mãe. São um património que lhe pertence...
Não vou ficar por aqui, mas hoje deixo este poema inédito de AP, saído na página juvenil do jornal que era dirigida por José Matos-Cruz e a imagem de dois figueirenses, de um nº de Abril de 1970. João de Barros, pedagogo e o grande filósofo e pensador , Professor Doutor Joaquim de Carvalho. (aqui)

segunda-feira, 21 de abril de 2014

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A magia de Gabo... Eternamente grata

Fui feliz com Gabo.... Na adolescência e na meia idade.... E QUEM SABE SE NA VELHICE? 


Coisas do amor....
Um romance grandioso que representa um hino ao amor, o amor que não conhece qualquer tipo de fronteiras e rancores, o amor que é eterno ainda que os seus protagonistas enveredem por caminhos aparentemente irreconciliáveis e sem possibilidade de reencontro, o amor que, passada a fase ingénua de grandes tiradas românticas de jovens imberbes, se consolida num distanciamento à vivência quotidiana que, apesar de todas as emoções vividas, ou talvez mesmo por isso, se destila num diamante ainda mais puro que faz com que os amantes acabem por vir a viver, de facto, o maior de todos os amores quando estão já às portas da morte, numa loucura adolescente à sombra da fétida cidade onde os amores vulgares se concretizam no imediato de vidas também vulgares que se cumprem e esgotam de forma estéril e que rapidamente matam as suas ilusões.

PEQUENA SINOPSE DE "AMORES EM TEMPOS DE CÓLERA" ,  Gabriel Garcia Marques


AUTOR: JOSE TOBIAS HINOJOSA, 

Pintura de 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

uma certa alegria nas cores da vida... são papoilas que me lembram cravos...

Tusinski, Karen - Poppies Against Blue.

40 anos passados ... outros políticos regurgitam por aí....

                                                 Salazar regurgita 

Salazar a vomitar a pátria, de Paula Rego.Falemos de vómito. Na ditadura, Paula Rego pintou Salazar vomitando a Pátria. No presente quadro, sentimos vontade de vomitar os restos ou as regurgitações do salazarismo e dos Novos Secretariados da Propaganda. Ler, ver e ouvir o mesmo ou o idêntico começa a causar um fastio de morte, estilonausée sartreana, mal du pays. Estão a tornar-se impróprios para alimento humano os noticiários e os comentários padronizados, os entretenimentos primários, os atentados à Pátria de Pessoa. Os chefsdesta ementa são recrutados pelo bureau económico-político. Compete-lhes manter a pax mediática. Há que reconhecer: têm tido êxito a fabricar dependentes do rendimento cultural mínimo e do rendimento eleitoral máximo. No entanto, até entre os fidelizados, corre uma percepção de enfado: dizem sempre o mesmo, dão sempre a mesma coisa. As manifestações de enjoo são idênticas às dirigidas aos parceiros do poder central: são todos iguais. Daí até o grosso dos consumidores se consciencializar da sua condição (antropológica, histórica, social, classista) vai uma persistente didáctica. Que dificilmente se ministrará sem uma ruptura de modelo. 

Excerto de Pátria, lugar de exílio, de César Principe


terça-feira, 15 de abril de 2014

Todos diferentes, todos bonitos, os amores..., imperfeitos (leituras breves)


Não é fácil entre dois – rotinas, segredos e angústias são matéria que apenas a um deveria pertencer. Quase nunca sucede. Crescemos na ideia de que o amor é a junção de dois, um equívoco que nos faz falhar. Construir o que é comum pressupõe a soma dos dois, não a sua fusão. Isso, quando temos sorte, acontece na cama e não fora dela. Tentemos então seguir um com o outro na vida tal como ela é, e um no outro na absoluta intimidade. Mas nunca te esqueças de que a plenitude não se faz da superfície – a pessoa que tens ao lado é o que vês e o que guarda dentro de si, faz amor com ela completa e não te contentes com a metade que te mata a fome.

Retirado de SÓ ENTRE NÓS, de Luís Osório

(as minhas fotos)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

"dou-te um verso"

 Todos os poetas são radicais e orgânicos,
                            sobretudo se interessados
                                                         no sexo.
Pintura de Christhos Bokoros
Versos de Eduardo Chiote, Encontro

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Uma quarta feira perfeita...



Ir à feira e ao lado passar pela Biblioteca Municipal e sentar a ler as notícias do dia ou de dias já passados.
Mágico...
Isto acontece em Cascais às quartas e sábados...
Para o Sérgio , é ás terças, mas é a feira da ladra.

terça-feira, 8 de abril de 2014

A pequena pausa primaveril porque os ritmos não são contínuos....


Pinturas de Félix Vollotton,  1865-1925


És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.

Sophia de Mello Breyner, Promessa

segunda-feira, 7 de abril de 2014

imagens com história....



Galeria VIARCO, na Cidadela de Cascais. Uma instalação com a história do fabrico dos lápis VIARCO, cuja fábrica se situa em Oliveira de Azeméis,  ainda de fabrico artesanal.
Muito interessante. 
Ainda me lembro do  meu grau de exigência :- Um lápis viarco, nº2.

domingo, 6 de abril de 2014

A vida ou a força de um "like"...



Pontualmente assisti às conversas de Manuel Forjaz  com JAC na TVI24  e fiquei deveras admirada com a sua forma de comunicar já com a assumpção da sua doença. Com pena minha,  por não ser muito atenta à TV, muita coisa me passou. 

Por ironia do destino li a sua última crónica na revista SÁBADO, hoje. Ouviu-se há pouco que " se distraiu com a vida"....

UMA DOSE DE ENERGIA

Começa mal o dia na Consulta da Fundação Champalimaud. Fico a saber que a coisa se complicou, não muito, só um bocadinho, à la cancre, sneaky e filho da puta . Nunca é claro, nunca fala claro, é sempre aos pouquinhos,

......
......
Ás 2h30, surpreendido por uma vaga de energia inusitada - costumo deitar-me cedo mas o cancro põe o coração a 150 de pulsação o dia inteiro, e a entrevista a Daniel de Oliveira despertou-me ainda mais - estava no Facebok a responder a mensagens e a pedidos de amizade quando alguém me perguntou:  "Recebeste?" Indaguei: "O quê?" Resposta: "A energia que te enviei!!!!!" Quero mais, várias doses por dia se puder ser... Coincidência ou acaso, certas coisas que não compreendemos funcionam mesmo.

Revista Sábado , de 3 de abril de 2014, excertos da crónica semanal de Manuel Forjaz

Bom domingo...



Com venda ou sem venda o amor é bom.
Quero o seu elogio. que os tempos têm sido maliciosos para com a vida de muitos . Conhecidos e anónimos....

Hora de beber; parcimônia,
Hora de falar; discrição,
Hora de comer; continência,
Hora de amar - (muita) atenção.

Poeminha (Bem) Moderato, de MillôrFernandes

Bonecos de Estremoz, série "amor é cego"

sexta-feira, 4 de abril de 2014

ei-los que partem...1949-2014

Memória descritiva
Sul
O Sul não existe.
E ninguém o explicou melhor que Montalbán.
Terá sido inventado pelos povos do Norte, e posto à venda pelas agências de viagens.
Também não fui indiferente ao Sul.
Mesmo que ele não fosse mais do que uma palavra.
Ataviei-me de cores e de cheiros minuciosamente elaborados na Beira, e parti para o Algarve.
O Sul.
Cedo me dei conta de que havia
mais sul a Sul.
Mas apenas transpus o Estreito, seguindo a rota delineada pelos profetas da minha geração.
Paradoxalmente, esse outro Sul, a sul das praias de Tarifa, apenas me devolvia ao Norte.
Neste caso, o de África.
Os labirintos sempre me fascinaram, mas eu preferia mil vezes partir à procura do fim do arco-íris, do que decantar os vasos comunicantes do horizonte.

[Longe do mundo; frenesi, 2004]


Palavras de Jorge Fallorca que  partiu para um mundo sem livros...  AQUI, ou não?

terça-feira, 1 de abril de 2014

Nem o povo já ordena e o proverbial Abril se cumprirá.... Veremos.

“Abril, tempo de cuco, de manhã molhado e à tarde enxuto.”
 “Em Abril águas mil.”
 “Inverno de Março e seca de Abril, deixam o lavrador a pedir.”
 “Abril molhado, sete vezes trovejado.”
 “Abril chuvoso, Maio ventoso e Junho amoroso, fazem um ano formoso.”
 “Uma água de Maio e três de Abril valem por mil.”
 “Em Abril cada pulga dá mil.” 
“Quem em Abril não merenda, ao cemitério se encomenda.”
 “Tarde acordou quem em Abril podou.”
 “Em lua de Abril tardia, nenhum lavrador confia.” 
“Vinha que rebenta em Abril, dá pouco vinho para o barril.”
 “O vinho e Abril é gentil.”
 “No princípio ou no fim, Abril é ruim.”
 “O grão em Abril, nem por semear nem nascido.”
 “Sáveis por S. Marcos (dia 25) enchem os barcos.”
 “Não há mês mais irritado que Abril zangado.”
 “Inverno de Março e seca de Abril deixam o lavrador a pedir.”
 “Quem em Abril não varre a eira e em Maio não rega a leira, anda todo o ano em canseira.”
 “Abril frio e molhado, enche o celeiro e farta o gado.”
“Abril, Abril, está cheio o covil.”
“Não há mês mais irritado do que Abril zangado.”
“No princípio ou no fim, costuma Abril a ser ruim.”
“Quando vem Março ventoso, Abril sai chuvoso.” 
“Em Abril queima a velha o carro e o carril.”
“Em Abril, lavra as altas, mesmo com água pelo machil.”
“Em Abril, vai onde deves ir, mas volta ao teu covil.”


Desenho de Cipriano Dourado