domingo, 29 de junho de 2014

quinta-feira, 26 de junho de 2014

- leituras breves-

 Tupa, tupa no cava- licoque, olhos aqui no cereal todo verde, além no monte a vestir pelagem nova, ...... olhos brancos, esses tais que, em cara portuguesa, de filho da puta ou erro da natureza, ...... Tivesse eu sede, mas nem raça!

In , Malhadinhas, de Aquilino Ribeiro

presentinho e dia bom...

Le carré rouge, envers et contre tous!


"Le carré rouge, de Malevitch, 1913

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Amei... e amarei

Longe,
existe no sul, mutilada pelos assassinos,
uma vila onde nasceste,
algumas redes, alguns barcos, alguns peixes de olhar cego
no pensamento do pai,
minúsculas ilhas sem roteiro nem mapas,
pequenas magias que não te conduzem à alegria e às
estátuas de sal.

Agora,
são as filhas que esperam, três fontes, três enigmas,
três rainhas de um tempo de devastados tronos,
de breves antecâmaras da morte,
isto a que chamamos vida, amanhã, sentido dos dias,
e é tão-somente o que resta de um medo mais vasto, nas
fronteiras do mundo.

Algures,
nos caminhos que vão para norte, repousa ao
abandono, no sombrio hotel do esquecimento,
aquele que tanto amaste, que tanto amámos.
Mas tu vais e vens e não queres que vejam como às vezes
sofres.

Dobras-te como as espigas num campo amarelo,
num Verão antigo.
Danças seriamente sobre altíssimos saltos.
Espalhas à tua volta lantejoulas de tropicais sonhos,
de Méxicos belos e Las Vegas de falso ouro e melancolia.
Cantas no interior do fumo.
Mas a tua voz não tem o timbre das terras suaves.
E eu não sei como dizer-te
que nestes rios de mezcal
navegam príncipes azuis em tumultuosas vagas e há um
desespero de náufragos no coração dos amigos,
esses que não fogem do sonho e das lágrimas,
como se não tivessem um corpo aberto às navalhas,
inclinado sobre a dor,
à tua espera durante horas.

Não precisas de bater à sua porta.
Não respires demasiado, à beira dos seus jardins.
Não quebres os espelhos de prata onde se reflectem os
cisnes da sua água,
no meio do lago triste.
Vem pela noite, cruza as pontes, traz um pouco de
incenso,
e se partires,
vai com o sol ao longo da margem,
ao lado do mar

José Agostinho Baptista.
Não gostoRetirado do mural de Ana Cristina Leonardo, no FB.
Obrigada.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Para depois da sesta se for caso disso...


A minha intenção se a tivesse...

            Ao triunfo maior, avante pois!
O meu destino é outro - é alto e é raro.
           Unicamente custa muito caro:
A tristeza de nunca sermos dois...
       
Pinturas do surrealista André Masson (Balagny, Oise 1896 - Paris 1987)
Poema de Mário de Sá - Carneiro

domingo, 22 de junho de 2014

tempo de verão .... será?

É douard Manet, Barco
... o barco levar-nos-à até ao fim de um outro mundo onde ainda seremos mais felizes...

sábado, 21 de junho de 2014

Bom fim de semana...

Kasimir Malevich, Vangardas Russa

«É um erro falar de alguém com quem não se partilhou pelo menos um fragmento da vida», diz-nos Ryszard Kapuscinski.  

quinta-feira, 19 de junho de 2014

para depois da sesta...


Bem visto...

Miguel Ângelo, Capela Sistina 
 Quando DEUS fez o mundo, para que os homens prosperassem decidiu dar-lhes apenas duas virtudes.

 Assim:


 - Aos Suíços os fez estudiosos e respeitadores da lei ( ? )

 - Aos Ingleses, organizados e pontuais..

 - Aos Argentinos, chatos e arrogantes ( ? )

 - Aos Japoneses, trabalhadores e disciplinados.

 - Aos Italianos, alegres e românticos.

 - Aos Franceses, cultos e finos ( ? )

 - Aos Portugueses, inteligentes, honestos e políticos.

 O anjo anotou, mas logo em seguida, cheio de humildade e de medo, indagou:

 - Senhor, a todos os povos do mundo foram dadas duas virtudes, porém, aos portugueses foram dadas três ! 
    Isto não os fará soberbos em relação aos demais povos da terra ?

 - Muito bem observado, bom anjo! exclamou o Senhor.
 - Isto é verdade !


 - Façamos então uma correcção! De agora em diante, os portugueses, povo do meu coração, manterão estas três virtudes, 
   mas nenhum deles poderá utilizar mais de duas simultaneamente, como os demais povos !

 - Assim, o que for político e honesto, não pode ser inteligente.
 - O que for político e inteligente , não pode ser honesto.
 - E o que for inteligente e honesto, não pode ser político.!!!!!!

                Palavras do Senhor!...

quarta-feira, 18 de junho de 2014

terça-feira, 17 de junho de 2014

hoje vejo a noite e amanhã o dia numa outra janela, e....

.... com memórias bem avivadas de uma infância em que se ouvia o relato de futebol,  lá em casa,  ao domingo.
Hoje, por razões pessoais viajei durante o jogo Portugal/ Brasil. Mas que emoção ouvir o relato da bola na rádio. Pensei para comigo e verbalizei, que aquela forma emotiva e sem papas na língua de relatar, não é boa para cardíacos. 
Com a má prestação da Selecção o radialista fez jus à sua raiva e com toda a razão. Tivesse eu um papel e lápis onde escrever chavões de comentários e estaríamos agora a rir...
E mais não falo pois o futebol não é a minha praia , sou ignorante. Mas em boa companhia , em festas destas até sou capaz de gritar:- força rapazes, sois tão bem pagos que podeis e deveis fazer o melhor e sem violência gratuita. 

sábado, 14 de junho de 2014

Em alerta vermelho e a chegar às 50 000 visualizações....


.... num blogue que existe desde novembro de 2008.

Entre os que gostam deste Mar à Vista quase sempre com vista de mar, há os que passam por acaso e ficam "clientes" e há os curiosos , feitos de curiosidade fininha e enfernizadinha.  Há os que passam por gosto e os que partem com "desgosto", que isto de blogues, nem sempre é para levar a sério ,contudo eles reflectem a personalidade de quem o faz(em).
O blogue pode ser e é um acto de amor rotineiro e prazeroso , mas pode ser um espaço de mal entendidos e blasfémia e acreditar nela não fica bem a ninguém , é tipo, dormir com  inimigo...
Diz, quem conhece a patroa, sim tenho carta de "patrão", ser boa mulher, mas também quero acreditar que de  boas mulheres e homens está o inferno cheio.
50 000 cliques em Portugal.
Milhares no Brasil.
Alguns milhares nos EUA... Sorrio. E, como dizem que os americanos são uns "cuscos", à s vezes penso que alguns cliques poderão vir da famosa CIA... Eu, "anamar", mulher tranquila e respeitadora da vida alheia. .
Vida de quem se expõe... E ao mesmo tempo vida de quem não quer ser exposta.
E estamos em ALERTA VERMELHO..., Mas onde estou, não dá para delirar com o calor, tão somente para conversar,  e isto, porque reparei que daqui a nada chregará aos  50 000 cliques em Portugal Continental, Açores e Madeira. 
Fiquem bem e bom fim de semana.

Adenda. Penso ter sido o poeta amigo do blogue Mar Arável, (aqui) que fez o 50 000 imo clique.
Estou abençoada. :) 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Ao meu amor...

Quadras ao gosto popular
Fernando Pessoa

Cantigas de portugueses
São como barcos no mar —
Vão de uma alma para outra
Com riscos de naufragar.

A caixa que não tem tampa
Fica sempre destapada
Dá-me um sorriso dos teus
Porque não quero mais nada.

No baile em que dançam todos
Alguém fica sem dançar.
Melhor é não ir ao baile
Do que estar lá sem estar.

Vale a pena ser discreto?
Não sei bem se vale a pena.
O melhor é estar quieto
E ter a cara serena.

Tenho um relógio parado
Por onde sempre me guio.
O relógio é emprestado
E tem as horas a fio.

Aquela senhora velha
Que fala com tão bom modo
Parece ser uma abelha
Que nos diz: "Não incomodo".

Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual.

Quando vieste da festa,
Vinhas cansada e contente.
A minha pergunta é esta:
Foi da festa ou foi da gente?

Tenho uma pena que escreve
Aquilo que eu sempre sinta.
Se é mentira, escreve leve.
Se é verdade, não tem tinta.

Deixaste cair a liga
Porque não estava apertada...
Por muito que a gente diga
A gente nunca diz nada.

Não há verdade na vida
Que se não diga a mentir.
Há quem apresse a subida
Para descer a sorrir.

Santo Antônio de Lisboa
Era um grande pregador
Mas é por ser Santo Antônio
Que as moças lhe têm amor.

Tem um decote pequeno,
Um ar modesto e tranqüilo;
Mas vá-se lá descobrir
Coisa pior do que aquilo!

Aquela loura de preto
Com uma flor branca no peito,
É o retrato completo
De como alguém é perfeito.

Des Antonius von Padua - O país dos Antónios, o nosso...

Santo António, de Mistério
                                                                     

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Gosto do que estou a ler . Uma forma de escrever, Alentejo


Na confusão do mundo, um rapaz sobe a rua. O interior é igual em toda a parte. 
Mas hoje vai mudar. Ele traz um segredo terrível no bolso do kispo.
Faz calor na província dos suicidas. Dá vontade de rir, uma cidade em que até o coveiro se mata... São estatísticas, tudo em números.
Na Internet,  há sexo e doidos japoneses e americanos para conversar em directo.  No campo, granadas e ervas venenosas. No prédio, um jovem assassino toca órgão.
O space-shuttle leva cortiça do Alentejo para o Espaço. O Bispo viu o maior massacre da guerra de África e calou-se.
Mas hoje vai responder. Os factos verdadeiros são os piores.
O amor do rapaz rebentou.
Que responsabilidade temos quando nada fazemos?
Em que fado parámos, onde fica Portugal?

Do livro " E se eu gostasse muito de morrer", de  Rui Cardoso Martins, editora D. Quixote

terça-feira, 10 de junho de 2014

"quando não te vejo perco o siso".... Camões e os nossos amores

Camões, de Júlio Pomar

Quando não te vejo perco o sisoFormosura do Céu a nós descida, 
Que nenhum coração deixas isento, 
Satisfazendo a todo pensamento, 
Sem que sejas de algum bem entendida; 

Qual língua pode haver tão atrevida, 
Que tenha de louvar-te atrevimento, 
Pois a parte melhor do entendimento, 
No menos que em ti há se vê perdida? 

Se em teu valor contemplo a menor parte, 
Vendo que abre na terra um paraíso, 
Logo o engenho me falta, o espírito míngua. 

Mas o que mais me impede inda louvar-te, 
É que quando te vejo perco a língua, 
E quando não te vejo perco o siso. 

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

sábado, 7 de junho de 2014

O bom da vida. Viver a poesia ... Bom domingo

A Festa do SilêncioEscuto na palavra a festa do silêncio. 
Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se. 
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas. 
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas. 
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma. 

Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia, 
o ar prolonga. A brancura é o caminho. 
Surpresa e não surpresa: a simples respiração. 
Relações, variações, nada mais. Nada se cria. 
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça. 

Nada é inacessível no silêncio ou no poema. 
É aqui a abóbada transparente, o vento principia. 
No centro do dia há uma fonte de água clara. 
Se digo árvore a árvore em mim respira. 
Vivo na delícia nua da inocência aberta. 

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"
As minhas fotografias, Alentejo

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Junho proverbial...

Madame Monet and child, de Monet, 1886
Chovam trinta Maios e não chova em Junho.
Chuva de Junho, peçonha do mundo.
Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio.
Feno alto ou baixo, em Junho é cegado.
Junho calmoso, ano formoso.
Junho floreiro, paraíso verdadeiro.
Junho, dorme-se sobre o punho.
Junho, foice em punho.
Maio frio e Junho quente: bom pão, vinho valente.
Para Junho guarda um toco e uma pinha, e a velha que o dizia guardados os tinha.
Sol de Junho, madruga muito.

terça-feira, 3 de junho de 2014

domingo, 1 de junho de 2014

Crianças...

A rosa de Hiroxima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexactas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioactiva
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Trabalhos de Sarah Affonso