domingo, 30 de novembro de 2014

Ontem comprei um "bilhete" para Paris...

A morte do toureiro, Picasso, 1936

La Dépoiulle du Minotaure, Picasso 1931

... hoje, andei por lá, Marais, para quando(?).
Numa viagem" lowcost," 11 euros ida e volta..., na papelaria do meu burgo.
Sentada em poltrona de conforto, imaginando-me em executiva, dedilho cada página da revista L' Art, dedicada ao remodelado Hotel Salé, Museu Picasso,  fechado desde 2009, eu que por lá  entardeci , no ano da graça de 2006... E fiquei "touché"...
Porque exacerbo Picasso? Porque ele me exacerbou a mim, em 1975, quando pela 1ª vez fui a Paris levada por mão de mestre. Museu do Homem.
Hoje, em papel "couché", viajo pelo novo brilho que as salas ostentam , e por obras para mim menos conhecidas.
Comprem, meninos e meninas, que vale a pena.

sábado, 29 de novembro de 2014

Leituras breves...

"Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade."

Albert Eistein
Ilustração de Maria Keill

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

"a narrartiva...", in fashion...


Relõgio do Convento da Arrábida
A minha solidão não depende da presença ou ausência de pessoas, pelo contrário. Detesto quando roubam a minha solidão sem, em troca, me oferecerem companhia verdadeira.
Nietzsche


Belém e uma razão para ir até lá, com ou sem chuva. Ir.


Exposição de cavaquinhos, Mosteiro dos Jerónimos


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

"E agora José?"

Felix Vollotton, "Money", 1898
JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Joaquim?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais!
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade ANDRADE, C. D. Poesia até agora. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1948.

Leituras breves

Cagne Valley, F. Vollotton, (1865-1925)
«Não distribuímos nada da nossa riqueza: Atiramo-la à rua para que os mais fortes e gananciosos lutem por ela»

Georges B. Shaw, em entrevista dada em 1931

Boa semana para os que por aqui vão passando...

Pintura de Felix Valltton

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Grata aos amigos reais e virtuais...

Pintura de Felix Volloton, "Jantar à luz"
... Sempre gentis, fazendo-me sentir ainda mais viva.
Pensei pela manhã, quando vi que a página do Google me era dedicada, lembrando o meu aniversário ,  que os que vivem sós, por opção ou por rejeição, ou porqué "é a vida!", mas quase sempre num enorme desconforto, podem ser "estimados" pelas vias sociais das redes.
O dia foi caloroso. Bem comido, bem regado e adocicado. A minha Mãe, do alto dos seus 86 anos, orgulhosa e encantada pela sua mesa redonda estar toda preenchida.
Mais logo será um outro dia e o desejo que tudo se repita para o ano, mas aí,  já com o pequeno Gabriel,  que vem a caminho...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Leituras breves

"Só ao envelhecermos nos damos conta da singularidade do belo e do milagre que efectivamente é quando entre as fábricas e os canhões também desabrocham flores e quando entre os jornais e boletins da bolsa ainda sobrevivem poemas."
Hermann Hesse, in O Elogio da Velhice

efeméride... cinema

Primeira longa metragem de Fernando Lopes, fez ontem 50 anos. Filme , "Belarmino". Para rever.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

"é a vida"..., diz João Luís Oliva. E é verdade...

 JoãoLuís Oliva, Centro Cultural de Tondela e Maria do Céu Guerra lendo textos

Lançamento do seu livro
A livraria LER  DEVAGAR, lançou em Tondela no sábado passado,  o livro do amigo Oliva, "Artes e ideias da desconcentração". Foi um momento muito terno, pois é isso que Oliva inspira e expira...
É um homem rico de ideias e amigos.
Em dezembro será apresentado em Lisboa na LER DEVAGAR .

"... uma política cultural que se preocupe em alargar
a geografia e a eficácia social das manifestações artísticas,
em lugar de des-centralizar o centro, deve contribuir para des-concentrar os pólos de criação e 
produção; isto é,  multiplicar os centros e, então, possibilitar a itinerância e troca entre eles.
Uma política sem navegação à vista e sem disponibilização avulsa de meios e recursos..."

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Por aqui... (1)


fala-se de A CASA E A FAMÍLIA.
XVII JORNADAS HISTÓRICAS DE SEIA, promovidas pela CMS e de coordenação científica de Fernanado Catroga ( FLUC)


segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Leituras breves...


"Os Maias"
Eça de Queirós

….Sim senhor um navio fretado à custa da nação, em que se mandasse pela barra fora o rei, a família real, a cambada dos ministros, dos políticos, dos deputados, dos intrigantes, etc. e etc.
Carlos sorria, às vezes argumentava com ele.
- Mas está o Sr. Vicente bem certo, que apenas a cambada, como tão exactamente diz, desaparecesse pela barra fora, ficavam resolvidas todas as cousas e tudo atolado em felicidade?  
Não o Sr. Vicente não era tão burro que assim pensasse.
Mas suprimida a cambada, não via S.Exª? Ficava o país desatravancado; e podiam então começar a governar os homens de saber e de progresso …
Sabe V.Ex.ª qual é o nosso mal???...
Não é má vontade dessa gente; é muita soma de ignorância... Não sabem... Não sabem nada...
Eles não são maus, mas são umas cavalgaduras !!!...
(…)
Sr. Vicente, mestre de obras em "Os Maias" em diálogo com Carlos

* Enviado por mail por mão amiga ,  este excerto tão oportuno, do nosso tão amado Eça.
Caricatura de Abel Manta

domingo, 9 de novembro de 2014

sábado, 8 de novembro de 2014

Momentos de ouro. Cinema. Entre Lisboa e Estoril



E eu, que este ano nem parcialmente posso ir. Mas, fui à ante estreia do 1º filme do certame , de Bertrand Bonello , Yves Saint Laurent. Mostra um período de vida e criacão do grande génio da moda .
Um filme perfeito na narração e na estética. A minha opinião, claro..Amanhã espero pela crítica. 
E não é que quase ía jantando com Malkovitch... :) Mas, Assunção Esteves chegou primeiro.
Exposições a não perder

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A vida é um teatro com ou sem manipulações... Bom fim de semana e agasalhem-se.

Se Pires de Lima é português, eu quero ser espanhola. Morra! Pim!...
Viva o Teatro de Marionetas.
Quando era criança, na minha cidade, o teatro de marionetas parava na minha rua para atuar. Eu via-os da minha janela de 1º andar. A perspectiva era uma outra de quando os via na praia. De cima. As manipulações, as mudanças rápidas de bonecos nas duas mãos do seu manipulador,  deixavam-me louca de entusiasmo, mais admirada ainda,  quando descobri que o artista era cego.
No fim, acontecia sempre o mesmo. Gritava da minha janela : -
Ó senhor Roberto , tome lá cinco tostõezinhos...
Esta cena de chamar da janela, fazia as delícias da família, assim como uma outra situação. Quando a sirene dos bombeiros tocava, os grandes e valorosos Bombeiros Voluntários, que eram ali perto, largavam o trabalho e aceleravam os pedais da bicicleta  para apagar o fogo. E eu,  mais uma vez do meu 1º andar, quando os via curvar, gritava : 
- Ó senhor bombeiro, onde é que é o fogo?
Claro que, tinha que sair de casa, pois as crianças facilmente andavam pela rua, e ir ao quartel saber o local do "crime"...

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

orçamento em pugilato...

Governos Apostados em Errar  
Entre nós tem-se visto governos que parecem absurdamente apostados em errar, errar de propósito, errar sempre, errar em tudo, errar por frio sistema. Há períodos em que um erro mais ou um erro menos realmente pouco conta. No momento histórico a que chegámos, porém, cada erro, por mais pequeno, é um novo golpe de camartelo friamente atirado ao edifício das instituições; mas ao mesmo tempo tal é a inquietação que todos temos do futuro e do desconhecido que cada acerto, cada bom acerto é uma estaca mais, sólida e duradoura, para esteiar as instituições. Toda a dúvida está em saber se ainda há ou se já não há, em Portugal, um governo capaz de sinceramente se compenetrar desta grande, desta irrecusável verdade. 

Eça de Queirós, in 'Últimas Páginas'

os novos fugitivos são licenciados....


..."malgrée"madame Merkel...
"Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a transbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre."Fonte - Uma Campanha AlegreTema - Emigração

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

a poesia anda na rua, mas nem sempre segura...




... nem sempre pelas melhores razões.

Para matar a fome, pagar as contas correntes  essenciais à vida.
Cruzei-me com Leonora Rosado, no sábado,  no Chiado. Uma abordagem simpática em forma de folha A4, vinda de uma cara bonita.
Vendia livros de poemas seus e ilustrados por ela. Livros todos manuais em papel reciclado. Cada um daria o que pudesse...
Fiquei aflita. Eu de "plafonamento" rasteiro, disse-lhe que era professora aposentada...

-Ah! Não precisa de dizer mais nada... , disse ela.Puxou de uma folha com um poema feito na noite anterior, assinou e ofereceu-mo. 

Nada pude fazer em troca. Mas, sei que logo que possa, irei de novo ao Chiado ou às redes sociais, procurar Leonora, e retribuir o gesto solidário . Leonora, soube logo que andávamos pela verdura, "descalças" ou de solas de sapatos bem gastas.


domingo, 2 de novembro de 2014

Mas, em dia de culto....

           ..                                                     Bearden, Romare, Madre y chico


.... do vazio deixado pelos que partiram, e paralelamente a esse vazio, está a vida, a maternidade mais do que desejada.

Nascemos, vivemos e morremos... É a nossa natureza. Mas tudo deveria ter o seu devido tempo.
Aconteceu, ontem, que a nossa Bianca nasceu. Espero e desejo que ajude a preencher o vazio precoce
que o Pedro deixou entre os que o amavam.

sábado, 1 de novembro de 2014

aos meus amores...


Se pudesse percorrer o lugar onde um dia vos deixei, gostaria de encontrar as vossas frias pedras cobertas de azevinho onde por esta altura as bolinhas vermelhas me fizessem lembrar que vem aí o Natal , que deveria ser sentido de outra maneira.
Nunca mais nada foi igual, mas a vida continua.

O culto dos mortos...

"O culto dos mortos como uma poética da ausência"

... a progressão da campa individual, do jazigo, do 
epitáfio, da estátua e, por fim, da fotografia (relembre-se que a descoberta 
da fotografia — essa nova ilusão da paragem oval e sépia do tempo — é 
contemporânea da revolução cemiterial romântica) deve ser vista como 
uma consequência iconográfica dos novos imaginários, quer estes apontem 
para fins escatológicos, quer se cinjam à memória dos vivos. E, para que a 
simbólica do cemitério (a localização) lhes correspondesse, a materialização 
dos signos exigiu a fixação do cadáver (isto é, um monumento), de modo a 
ser nítida e inequívoca a evocação (a imagem, o símbolo, o epitáfio narrativos) 
e a identificação do ausente (a epigrafia onomástica)(47). Recorde-se que 
a antroponímia é uma forma de controlo social da alteridade do sujeito. 
Não surpreende, assim, que todo o dever de memória tenha de passar pela 
invocação (ou restituição) dos nomes próprios: a nomeação faz sair do 
esquecimento o evocado, renovando-lhe o rosto e a identidade...

Em http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF20/f_catroga_20.pdf (clicar) , de Fernando Catroga

Túmulos de La Fontaine e Moliére, cemitério de Père Lachaise