domingo, 31 de janeiro de 2016

O SONO DE....


O SONO DE JORGE LUIS BORGES
Impõe-nos sempre a noite a sua mágica
tarefa. Destrinçar o universo,
as infinitas ramificações
de efeitos e de causas, que se perdem
na vertigem sem fundo que é o tempo.
A noite quer que esqueças esta noite
teu nome, teus avós, teu sangue,
cada palavra humana e cada lágrima,
o que a vigília já pôde ensinar-te,
o ilusório ponto dos geómetras,
a linha, o plano, o cubo ou a pirâmide,
o cilindro ou a esfera, o mar, as ondas,
teu rosto na almofada, essa frescura
dos lençóis ainda novos, os jardins,
os impérios, os césares e Shakespeare
e o que é mais difícil, o que amas.
Curiosamente, um comprimido pode
extinguir o cosmos e erguer o caos.


Jorge Luis Borges, em A Cifra, antepenúltimo livro de poesia do escritor e poeta argentino, reunindo quarenta e cinco poemas escritos entre 1978 e 1981.
(da revista online ISLEEP, dedicada ao sono)


    sábado, 30 de janeiro de 2016

    sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

    "Mulheres Com Poder e Autoridade", o novo livro do Manuel Duarte

    Novo livro do amigo Manuel Duarte, lançado no dia 9 na Biblioteca Municipal de Cascais, como sempre,  rodeado dos seus bons amigos. 


    Durante quatro milhões de anos, homens e mulheres viveram em comunidades desconhecendo diferenciações de classe, a instituição familiar, a guerra e a repressão, uma vez que a terra não sendo de ninguém era de todos.
    A liberdade, a igualdade a fraternidade faziam a regra.

    Há cerca de dez mil anos entrou-se em regime de excepção: surge a propriedade privada e com ela as lutas fratricidas, o Estado e a família patriarcal.
    As mulheres, não obstante a pressão e os desejos dos homens, têm conseguido, até hoje, salvaguardar direitos seus e ancestrais de natureza económica, social, afectiva e cultural.
    Entregando, no dealbar das civilizações, a tarefa da guerra, aos homens, recolheram-se aos lares exigindo, enquanto jovens, que os pais e os irmãos mais velhos providenciassem pela sua sobrevivência, casadas tais encargos passassem a ser da responsabilidade dos maridos, viúvas que a lei obrigasse os filhos a sustentá-las. Foi a sua segunda vitória sobre as pretensões masculinas e de subjugação.

    As formações económicas e sociais que se sucederam, transformaram o progresso social, na medida em que se afastaram do regime de comunidade primitiva, numa tragédia, quando ocorre pela primeira vez; numa farsa quando parece que algo se move, mas nada se altera de substancial.

    Pelo caminho, por enquanto, apenas temos assistido a golpes de Estado, insurreições, restaurações, terramotos sociais, políticos, económicos e culturais onde as mulheres têm tido um papel determinante.



    quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

    instalações de Ai Weiwei, pintor chinês



    Obras deAi Weiweio artista chinês que anulou todas as suas participações em exposições como manifesto como a forma que os refugiados estão a ser tratados no norte da Europa.
    AQUI

    quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

    Uma "ajuda" perfeita para lembrar as vítimas do Holocausto, no dia que lhe é dedicado


    O CAMPO foi libertado a 27 de Janeiro de 1945 e isto foi o que eu vi em Auschwitz
    «Faz muito frio em Auschwitz», dirá mais tarde a mulher israelita com quem me cruzo na estação de caminhos-de-ferro de Cracóvia. Aproxima-se com um papel na mão e pergunta-me num inglês áspero se poderei ajudá-la.
    Respondo-lhe que não por ser também estrangeira, e ela continua a tentar junto à fila do guichet de informações: «Desculpem, sabem dizer-me onde fica o Hotel Chopin?»
    Era o meu hotel. Acabámos a partilhar um táxi – eu, ela e o marido – e nessa noite fico a saber que são ambos filhos de judeus polacos que sobreviveram fugindo para a zona de ocupação russa. Quase toda a família que ficara na parte anexada pela Alemanha em 1939 morrera no campo de concentração e extermínio de Auschwitz. Aqui a «solução» foi praticamente final: dos cerca de 3 milhões de judeus que viviam na Polónia antes da guerra, restavam 100 mil em 1945.
    A caminho do Campo, o guia polaco vai calado junto ao condutor. Antes da partida fizera questão de contar uma piada que adivinho da praxe, recolhidos nos vários hotéis os participantes do tour: «Este autocarro dirige-se a Auschwitz-Birkenau. Aos passageiros que quiserem descer é dada agora uma última oportunidade», e seguiram-se alguns risos de circunstância.
    A viagem é monótona. Depois de Cracóvia, árvores. Árvores, árvores, árvores. Despidas, de ramos suplicantes. Aldeias desertas. Mais aldeias desertas. Uma película viscosa, cinzenta e triste, adere ao céu e à paisagem. Chove. Estamos na estrada há cerca de uma hora. À vista de um entroncamento ferroviário adensa-se o silêncio dentro do autocarro, apenas interrompido pelo ronronar do motor. Todos parecem aguardar o pior. Mas ainda falta.
    As árvores austeras dão por vezes lugar a florestas sombrias a que se sucedem planícies cultivadas e, mais tarde, colado a Birkenau, ao fundo, depois da cerca de arame farpado, hei-de avistar um outro campo igual, de terra arada e duas casas. Todos os dias os moradores das casas olham a cerca. O mais provável é não a verem. Está ali há mais de 60 anos. Uma coisa com mais de 60 anos, se se mantiver, muito, muito quieta passa a ser invisível. A física não explica mas é assim.
    O guia informa agora que chegaremos dentro de pouco mais de 15 minutos e que a agência responsável pelo tour oferece um desconto de 20% no caso de uma segunda visita. No regresso explicará que também organizam idas às minas de sal de Wielicka e às montanhas Tatra, tudo muito perto de Cracóvia e a preços acessíveis: «Podem consultar os folhetos».
    «Leve um casaco, faz muito frio em Auschwitz», diz a mulher israelita. No dia seguinte será pior. Volto de comboio e chego a Birkenau muito cedo. O local está praticamente deserto e ouve-se o barulho dos cortadores da erva. Do topo da torre de vigia principal, à entrada, avista-se a simetria desmesurada do campo de extermínio. Quase nada resta, mas ainda assim faz muito medo.
    «Queria ir a Auschwitz», confesso em tom sumido ao recepcionista do hotel. Cheguei a meio da tarde e andei pelas ruas de Cracóvia a confirmar que se trata de uma cidade belíssima, poupada pela guerra. O pudor não me deixara ainda pronunciar a palavra. Quero saber como chegar de comboio a Auschwitz.
    «De comboio?!», e num golpe de magia o homem larga sobre o balcão um folheto de excursões organizadas. «We have a very good tour to Auschwitz. Sai daqui às 9 horas, por volta das três e meia está de volta». Mostra-me o programa e, porque insisto no comboio, a contragosto consegue-me os horários. Já no quarto, telefono a informar que, afinal, mudei de ideias; se me pode incluir na lista do dia seguinte: «Nesse caso, terá de vir à recepção pagar o bilhete agora». Passa da meia-noite e a conversa com o recepcionista arrumara-me com o pudor. Apetece-me perguntar-lhe se tem pacotes de viagens com almoço e bebidas incluído.
    Durante os anos de 1940-45, o número de vítimas do campo de concentração e extermínio de Auschwitz é calculado entre 1.100.000 e 1.500.000 pessoas, 90% das quais de origem judaica, a maior parte morta imediatamente à chegada, nas câmaras de gás. A plataforma de desembarque, onde os médicos SS seleccionavam os «aptos» e os «inaptos» (selecção a que só os judeus se sujeitavam), ficava em Birkenau. Os carris continuam lá.
    Quando, apesar de arrematada a excursão, acabo por voltar sozinha de comboio, dirijo-me directamente a Birkenau (conhecido como Auschwitz II). À saída, pergunto a direcção para Auschwitz (I). Os restos dos carris, passados 60 anos da libertação do campo, separaram-se da estrada ocultos entre veredas bucolicamente cobertas de plantas e flores silvestres e não servem de referência. Explicam-me que terei de descer até uma pequena ponte e virar à esquerda. São cerca de quatro quilómetros que percorro sob uma chuva intermitente e fria e que me levam a Oswiecim, o nome polaco da localidade a que os alemães chamaram Auschwitz. À época do nazismo, o percurso era inverso e de sentido único: vinha-se para Birkenau para morrer.
    O portão onde se inscreve a frase «Arbeit macht frei», milhões de vezes fotografado, torna-se insignificante quando comparado com o amplo parque de estacionamento junto à entrada que transborda de camionetas, táxis e ruidosos grupos de visitantes de cujo roteiro turístico faz parte um desvio pelo local.
    O tour do primeiro dia, embora rápido, incluíra os marcos mais terríveis do campo, do temível Bloco XI, com o muro de fuzilamento e as celas de tortura, ao crematório I, inaugurado por um grupo de prisioneiros soviéticos, cobaias do Zyklon B, o gás com que os nazis levariam a cabo a «Solução Final».
    No Bloco IV expõem-se os despojos. Aquando da Libertação, as tropas soviéticas encontraram pilhas de roupa, loiça, sapatos, malas (onde os proprietários deixaram escritos os nomes, estratégia de engano que convencia os recém-chegados de que as poderiam recolher mais tarde…), óculos, próteses, fotografias de família anónimas cujos retratados nunca mais se haveriam de rever…
    Numa vitrina amontoam-se latas usadas do mortífero Zyklon B, noutra tranças e restos de cabelo humano amarelecidos pelo tempo – uma pequena amostra das sete toneladas que os SS deixaram para trás e que deveriam ser exportadas para a Alemanha onde se transformariam em recheio para travesseiros, forros de casacos, edredões...
    Um ser humano dificilmente suporta tamanha realidade. Saio para o ar livre. Eu e uma americana de idade avançada. Cá fora, prestes a acender um cigarro, somos interpeladas por uma religiosa que passa e nos lembra, sorriso rasgado, que «is not allowed to smoke in Auschwitz». Mudas e cúmplices, aspiramos o fumo bem até às entranhas. [A velha americana há-de mais tarde assustar-me (eu distraída) ao repetir-me à orelha, voz cava e grossa: «is not allowed to smoke in Auschwitz!!!». E rimo-nos.]
    Não será a a única freira com quem me cruzo. Há muitas por aqui. E num terreno contíguo, o do edifício onde as carmelitas se instalaram em 1894, ergue-se uma cruz alta de seis metros, a que resta da acesa polémica que rodeou a colocação de mais de uma centena de cruzes em Auschwitz, em 1982. Na altura, o anti-semitismo renasceu nas palavras do líder da chamada Associação das Vítimas da Guerra, Mieczyslaw Janosz, um ex-polícia corrupto que se opôs vigorosamente à remoção dos crucifixos. Os símbolos cristãos foram retirados (excepto o referido), e as carmelitas partiram. Para um olhar atento, a tentativa de cristianização do local não passa despercebida.
    São cinco da tarde e os sinos tocam a rebate. Embora a hora de fecho seja às seis, um grupo de japoneses toma os sinos pelo sinal de encerramento e começa a dirigir-se apressadamente para a saída. Outros visitantes põem-se a correr na direcção do som, tentando perceber o que se passa.
    «Why-the-bells-are-ringing?», insisto pela terceira ou quarta vez junto de uma funcionária que simula não me perceber. Finalmente consigo que me expliquem, a contragosto, que o som vem de uma igreja próxima. Fazem questão de sublinhar, «fora do recinto do museu».
    A polémica sobre a cristianização de Auschwitz não é de agora. A canonização de Maximilian Kolbe (1982) e Edith Stein (1998) pelo Papa João Paulo II já tinha provocado reparos da comunidade judaica internacional. O primeiro, um padre franciscano que trocou a sua vida em Auschwitz pela de um outro condenado polaco (Franciszek Gajowniczek), fora responsável por uma importante publicação católica em cujas páginas se liam artigos anti-semitas; Edith Stein, filósofa alemã convertida ao cristianismo nos anos 20, tornar-se-ia freira carmelita e acabaria gaseada em Auschwitz juntamente com a irmã, embora, naturalmente, não por ser freira católica mas por ser judia.
    Nas palavras do rabino Leon Klenicki, um homem que se tem debruçado sobre o relacionamento actual entre as duas religiões, «prestar homenagem ao sofrimento cristão só é aceitável se isso não servir para negar a realidade de que o Holocausto foi essencialmente um programa de extermínio do povo judeu». Ou, como afirmou de modo definitivo o escritor e sobrevivente espanhol Jorge Semprún, e para acabar de vez com a ignóbil contabilidade dos cadáveres:
    «Existe, com efeito, uma confusão antiga, amiúde fruto da ignorância, ou talvez de um pensamento equívoco ou malévolo, entre a deportação de inimigos do nazismo – alemães anti-hitlerianos, resistentes europeus – e o extermínio de judeus e ciganos. Os primeiros foram detidos e deportados pelos seus actos, quaisquer que fossem as suas origens sociais ou a sua religião. Os segundos são exterminados por serem o que são, mesmo que nunca tenham cometido um acto ou um mero gesto de oposição ao regime. A diferença, mesmo que o número de mortos resistentes fosse comparável ao dos judeus exterminados – e não o é, de forma alguma –, não é uma diferença quantitativa: é ontológica.»
    Também por isto é difícil aceitar que em Auschwitz, onde o extermínio dos judeus atingiu o paroxismo, os únicos nomes referidos durante a visita guiada sejam os do padre Kolbe, Edith Stein e Stefan Jasienski (um prisioneiro da cela 21 do Bloco 11 que se supõe ser o autor do crucifixo e do Cristo gravados na parede que, vivamente, nos recomendam que olhemos). Como também se considera excessivo que no curto filme que se mostra aos visitantes se inclua uma missa católica e se perca a conta às religiosas cristãs e às cruzes.
    «Ninguém vai a Treblinka», resume o jovem inglês que encontro na estação de Oswiecim, onde somos os únicos a aguardar o comboio de regresso a Cracóvia. Quanto a Auschwitz, o comentário é lacónico: «Too much noise.» De facto, há demasiado barulho por aqui.
    Não em Birkenau, onde menos sobem e cuja desmesura assusta, a maior parte dos visitantes limitando-se às poucas barracas que sobram à entrada e a espreitar o campo do alto da torre de vigia.
    Desolação podia ser a palavra que define este campo de morte, onde os Blocos são nauseabundos e as ruínas dos crematórios se escondem ao longe, por entre árvores e erva fresca. Uma terra aparentemente igual a qualquer outra mas regada a cinzas. É aí, junto ao Crematório II, não longe do local da revolta do Sonderkommando, que avisto cabriolando por entre arbustos uma jovem corça, indiferente aos delírios dos homens e à maldição do lugar, a que também parece indiferente, embora sem o álibi da inocência, a nova-iorquina saída directamente de um filme de Woody Allen que clama a plenos pulmões não se conformar com o facto de não ter encontrado a escultura – «God! Uma madonna belíssima!» – que uma amiga tinha feito «expressamente para oferecer aos judeus».
    Os fotógrafos amadores invadem Auschwitz, procurando enquadramentos perfeitos junto às cercas de arame farpado para o recuerdo de grupo. Há gente que passa apressada, turistas do horror que acrescentam a visita do campo ao seu currículo. E depois há os outros. Os que escondem as lágrimas sob óculos de sol em dia de chuva. Os que entram e saem sem dizer palavra. Ou os sobreviventes.
    Eu vi-o em Auschwitz, velho e magro, apoiado numa bengala, e adivinhei-lhe a origem pela forma como andava por ali, como alguém que regressa a uma casa em ruínas à qual reconhece os cantos. Voltei a encontrá-lo por acaso em Kazimierz, o bairro judaico de Cracóvia, quando procurava a sinagoga Izaak, uma das oito sinagogas que voltaram entretanto a abrir portas. Ele disse: «Aqui era um bairro judeu». Eu disse: «Vi-o ontem em Auschwitz». Ele disse: «É possível. Uma irmã minha morreu lá em 19..., outra em 19...». Esqueci os nomes e as datas. O olhar dele era tranquilo, a voz amável, o pulso tatuado. Não consegui dizer mais nada. Fugi por vergonha de sentir uma dor que não me pertencia.
    Talvez o mesmo tenha se tenha passado com Patrícia, do Porto, Portugal, que deixou escrito no livro de visitas do Pavilhão da Checoslováquia, em Auschwitz: «9 de Maio de 2005. Infelizmente, este local existe. Mas, já que existe, espero que muita gente o visite para que jamais se repita.» E acabava com a candura de que só um jovem poderia ser capaz: «Beijinhos e desculpem». (2005)

    Texto partilhado com a sua devida autorização, via FB, de Ana Cristina Leonardo, também colunista no jornal Expresso.

    segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

    the day after....

    Mitologia, Os Cavalos de Neptuno




     “O homem é feito visivelmente para pensar; é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever é pensar bem”



    sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

    quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

    Nuno Tootónio Pereira, um arquitecto militante (1924-2016)

    ESCRITO NA PEDRA “A arquitectura é o jogo sábio, correcto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz” Le Corbusier 

    leituras breves...

    ESCRITO NA PEDRA “A democracia não corre, mas chega segura ao objectivo” Johann Wolfgang von Goethe
    Jornal Público, 20-01-2016

    segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

    domingo, 17 de janeiro de 2016

    Boa noite e boa semana

    Pedido de Casamento, de Ronaldo Mendes

    Povoamento

    No teu amor por mim há uma rua que começa 
    Nem árvores nem casas existiam 
    antes que tu tivesses palavras 
    e todo eu fosse um coração para elas 
    Invento-te e o céu azula-se sobre esta 
    triste condição de ter de receber 
    dos choupos onde cantam 
    os impossíveis pássaros 
    a nova primavera 
    Tocam sinos e levantam voo 
    todos os cuidados 
    Ó meu amor nem minha mãe 
    tinha assim um regaço 
    como este dia tem 
    E eu chego e sento-me ao lado 
    da primavera 

    Ruy Belo, in "Aquele Grande Rio Eufrates" 

    sábado, 16 de janeiro de 2016

    Ofereço um verso... O fim de semana está aí

    Pintura naif de Ronaldo Mendes, pintor de Minas Gerais, que tem hoje a sua "vernissage" numa galeria alemã.

    Ela trazia amor nas suas mãos

                                                                                    Ruy Belo, Despeço-me da Terra da Alegria

    domingo, 10 de janeiro de 2016

    "Eu aposto em Sampaio da Nóvoa". Eu também , Professor, e cada vez mais...

    Eu aposto no Sampaio da Nóvoa. Não é por ele ser um dos "nossos", dos académicos. Não. É por ele ver a política com os olhos de quem não esgotou nela a sua vida, de quem esteve de fora, embora por dentro - e bem, e inteligentemente, e de forma informada e culta - dos problemas sociais e políticos com que a política lida. A Maria de Belém sempre esteve "de dentro", bem de dentro dessa política do centrão que hoje a generalidade das pessoas tem como esgotada. É por isso que não se dá conta de que o seu currículo não é um ativo, mas o seu principal problema, um passivo, e eventualmente tóxico. Como também não se dá conta que aqueles rodriguinhos dos politicões já não dizem nada às pessoas. Por exemplo, ela acha que as pessoas não percebem a essencial relação que a sua candidatura tem com o incómodo que causa à direita do PS a nova abertura à esquerda e, sobretudo, a percepção de que o tempo da "velha política" está em profunda crise. A MBH pode mobilizar todos os recursos do politiquês, mas toda a gente percebe o evidente. Nem sequer estou a dizer que ela nos quer enganar. Não, ela é que está mesmo muito enganada.

    (retirado do FB, e escrito por António Hespanha)

    sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

    Ler um conto e ouvir Carmina Burana. O dia está a pedir isso mesmo. Bom fim de semana... O possível...


    "nas minhas viagens eu mudei". Lindo conto de Kafka

    Um ano antes da sua morte, Franz Kafka viveu uma experiência incomum. Andava pelo parque Steglitz em Berlim e conheceu uma menina que chorava desconsolada, tinha perdido a sua boneca.
    Kafka ofereceu-se para ajudar a procurá-la e marcou encontro no dia seguinte no mesmo sítio.
    Incapaz de encontrar a boneca escreveu uma carta por ela.
    "Por favor, não chores, fui viajar para ver como é o mundo, escrevo para te contar as minhas aventuras...", assim começava a carta.
    No dia seguinte, encontram-se e ele lê-lhe a carta descrevendo cuidadosamente as aventuras imaginárias da boneca amada.
    A criança foi sendo consolada por vários dias, quando os encontros chegam ao fim, Kafka dá-lhe uma boneca de presente.
    Esta era, obviamente, diferente da original e trazia uma nota em anexo a dizer: "…nas minhas viagens eu mudei."
    Muitos anos depois, a menina cresceu e encontrou uma nota dobrada dentro da boneca.
    Resumindo dizia: “…tudo aquilo que amas é provável vires a perder, mas no fim o amor transforma-se numa forma diferente."
    Kafka e a boneca

    (via Ana Salta, no FB)

    quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

    "45 anos", uma vida. E....

    no fim a dúvida ficou. A teoria do ser "unico/a", pode cair por terra. Ao fim de um ano, dez, trinta, ou 45 anos. Uma das teorias mais duvidosas na vida. Tão duvidosa como a "do filho único"ou "vários filhos". Amarei todos por igual ou cada um por aquilo que vale, valeu ou valerá?
    Nem a música e letra do " Smoke Get in your Eyes", em dia de festa lhe dissipou a tristeza e a dúvida.
    Cinema é a vida e o que também está para lá dela.
    Filme a não perder.
    "Tédio" de Felix Vallotton, 1890

    terça-feira, 5 de janeiro de 2016

    ontem, pela emoção.... com Sampaio da Nóvoa

    Teresa Salgueiro, mandatária nacional da campanha de SdaN



    Pela emoção, partilhada com" alma" amiga, a tarde de ontem, dizia-me , Ana, és uma mulher de causas. Boa definição. Sabia-o, mas não não lhe tinha atribuído um nome.
    E, também fui professora. Mas que grande "causa" a minha. E outras causas defendi na vida, junto de grupos que me mereciam o desejo e a vontade de contribuir para a melhoria de vida dos meus pequenos cidadãos. E adultos também. Na comunidade educativa, metaforicamente falando, o público alvo quase ía dos 0 aos 80 anos.
    Por isso, e pelas causas defendidas por Sampaio da Nóvoa, estive do seu lado , assumidamente , desde o 1º momento. 
    Ontem , foi a apresentação dos seus mandatários nacionais e locais. Nem todos puderam estar.um  ou dois.
    Uma candidatura de causas, com gente muito boa a sustentá-la.
    Deixo aqui o meu comentário de FB. Agora, mãos á obra.

    Estive presente e emocionei me com o gabarito dos 40 mandatários escolhidos. Fosse este país formado por pessoas mais bem informadas, menos populistas e mais cultas e teríamos SdaN nosso Presidente. "CREME DE LA CREME". Tenhamos esperança. Façam o vosso trabalho de casa

    segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

    olhando bem no fundo...

    há bocas
    há infernos
    há bocas infernais
    há bocas corporais
    que se podem tornar celestiais
    à noite rezam um padre nosso,
    uma avé-maria, seguida de uma salvé rainha
    ajoelham-se,  benzem-se, pedem perdão
    e vivem no reino dos céus

    AMC (anamar)