sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Poema de Ano Novo para quem passa.



Ficção de que começa alguma coisa!
Nada começa: tudo continua.
Na fluida e incerta essência misteriosa
Da vida, flui em sombra a água nua.
Curvas do rio escondem só o movimento.
O mesmo rio flui onde se vê.
Começar só começa em pensamento
Fernando Pessoa
Por motivos "gripais" não tenho coragem de visitar os amigos. Ainda por aqui estou...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

e, mais depressa do que se imagina, estamos quase no fim do ano de 2016, mas sem esquecer o que aqui vos deixo

"Um golo no prolongamento, uma "geringonça" estável, um presidente popular, Guterres na ONU, os resultados do PISA. Este é o ano em que a auto-estima voltou?"

....
"O filósofo José Gil, que aceitou reflectir para este balanço do ano do PÚBLICO, já encontra evidências dessa mudança. “Há uma modificação muito importante num mecanismo da relação dos portugueses com o estrangeiro, que tradicionalmente contribuía para uma imagem negativa dos portugueses. A valorização da imagem que vem de fora mudou este ano, em imensos planos.”

..."José Gil dá um exemplo do que mudou, também aqui. Marcelo Rebelo de Sousa “fez desaparecer a imagem de Cavaco, que era austero”. “O novo Presidente da República reduziu real, e imaginariamente, a distância com o povo. Gestos simbólicos como a abertura dos jardins do Palácio de Belém são muito importantes para esbater essa percepção de distância entre os políticos e os eleitores. É uma forma de democracia participativa de que o povo não tinha o hábito.”

(JORNAL PÚBLICO, artigo completo , AQUI)

sábado, 24 de dezembro de 2016

os desejos, as festas, e as Boas Festas....

Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão 
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.
Pablo Neruda

Pintura de Carl Larsson

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Boas Festas a quem vai passando....


No outro Natal, quando a casa se encheu por causa
das crianças e um de nós ocupou a cabeceira,
não cheguei a saber
se era para tornar a festa menos dolorosa,
se para voltar a sentir o quente do teu colo.

Maria do Rosário Pedreira

Pinturas de Carl Larsson

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

dezembrando à sombra de lembranças

Nicolas de Stael - The Musicians 1953
Volta com os primeiros anjos de dezembro
num vasto laranjal eu quero amar-te
e então a tua vida há-de ser a minha arte
e o teu vulto a única coisa que relembro

Ruy Belo

sábado, 10 de dezembro de 2016

Dia de Clarice Lispector . (1929-1970)

8

Foi criado um dia para Clarice Lispector. Nascida a 10 de dezembro. Por ironia da vida, morreu a 9 de dezembro, véspera  do  seu aniversário . 

No Brasil, Rio de Janeiro e em Paris, há  momentos de festa cultural

Eu sou uma eterna apaixonada por palavras, música e pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono.

(colagem feita pela neta Mariana de Clarice)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Leituras breves, olhares profundos

Di Cavalcanti, 1953, "Mulher com gato"
Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato.
Lewis Carroll

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O lado B de Ferreira Gullar, pintar e desenhar

"O Gato Gatinho"

Ferreira Gullar. 1930-2016



O QUE SE FOI


O que se foi se foi.
se algo ainda perdura
é só a amarga marca
na paisagem escura.

Se o que se foi regressa,
traz um erro fatal:
falta-lhe simplesmente 
ser real.

Portanto, o que se foi,
se volta, é feito morte.

Então porque me faz
o coração bater tão forte?

sábado, 3 de dezembro de 2016

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

"por outro lado , somos feitos de esquecimentos", porque esquecer é uma forma de salvação...


De Salvador Dali, ilustração para livro de Alice no País das Maravilhas

O que mais gostei de reter nas minhas breves leituras matinais.
Cada vez menos de prós, a sageza da idade e bom senso a ensinar me a ver cada vez melhor os contra. 
Sempre interessante o Expresso Curto que me entra na caixa do correio pela manhã, entre outros matutinos...
Há sugestões e bons conselhos. Hoje, foi a vez de Nicolau dos Santos. Podia ter escolhido mais itens. Mas fiquei-me pelo quinto, porque Pina deu sempre razões para vir "à baila".
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"Quinto, depois desta decisão, tudo o que de péssimo se passou até aqui na Caixa Geral de Depósitos passa para secundaríssimo plano. E aqui entra o meu querido Manuel António Pina, que como poeta sabia mais de finanças e de tudo que qualquer outra pessoa. “Somos seres para o esquecimento (…) Por outro lado, somos feitos de esquecimentos. Como diria a Rainha Branca de Alice do Outro Lado do Espelho, todos os dias nos esquecemos de meia dúzia de coisas antes do pequeno-almoço. Precisamos absolutamente de esquecer e de saber que esquecemos. Uma má memória, como diria Marc Augé, rejuvenesce” (in “Dito em Voz Alta, entrevistas sobre literatura, isto é, sobre tudo”, Manuel António Pina, Documenta, junho de 2016)."

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016