Durante quatro
milhões de anos, homens e mulheres viveram em comunidades desconhecendo
diferenciações de classe, a instituição familiar, a guerra e a repressão, uma
vez que a terra não sendo de ninguém era de todos.
A liberdade, a
igualdade a fraternidade faziam a regra.
Há cerca de dez mil
anos entrou-se em regime de excepção: surge a propriedade privada e com ela as
lutas fratricidas, o Estado e a família patriarcal.
As mulheres, não
obstante a pressão e os desejos dos homens, têm conseguido, até hoje,
salvaguardar direitos seus e ancestrais de natureza económica, social, afectiva
e cultural.
Entregando, no
dealbar das civilizações, a tarefa da guerra, aos homens, recolheram-se aos
lares exigindo, enquanto jovens, que os pais e os irmãos mais velhos
providenciassem pela sua sobrevivência, casadas tais encargos passassem a ser
da responsabilidade dos maridos, viúvas que a lei obrigasse os filhos a
sustentá-las. Foi a sua segunda vitória sobre as pretensões masculinas e de
subjugação.
As formações
económicas e sociais que se sucederam, transformaram o progresso social, na
medida em que se afastaram do regime de comunidade primitiva, numa tragédia,
quando ocorre pela primeira vez; numa farsa quando parece que algo se move, mas
nada se altera de substancial.
Pelo caminho, por
enquanto, apenas temos assistido a golpes de Estado, insurreições,
restaurações, terramotos sociais, políticos, económicos e culturais onde as
mulheres têm tido um papel determinante.