quarta-feira, 20 de abril de 2016

O que Amadeo nos traz ou a metáfora da descoberta da Lua ... e a dimensão da palavra Amor

Crème Eclipse, l'ouvrir est un jeu d'enfant, le meilleur cirage dans la meilleure boîte à clé
Tôle emboutie en relief autour de 1920, 49,5 cm x 35 cm
publicité Eclipse signée Edouard Bernard

... ou as palavras , as escritas, são também como as cerejas, mas as emoções desmedidas. Não sabia como descrever a emoção que foi para mim a descoberta da Lua, quase cheia, pelo meu neto Gabriel, ontem,  ao entardecer, ou já quase noite, sempre estávamos perto das 20h, hora de relax, mar e céu como vista  de varanda, música, Carmina Burana. 
Para ele era só mais uma bola suspensa , tão parecida com aquela com que costumamos brincar. Coisa estranha para ele, mas que o encantou.
Os dedos do Gabriel são uma perdição para mim, mas o dedo indicador põe-me "louca".... O dedo da descoberta, o dedo do empurra disto e daquilo, mas sobretudo das bolinhas que fazem parte dos seus jogos didácticos, quase de precisão. 
Treze meses. Gabriel, nome de anjo anunciador.
Treze meses, em que cada mês a palavra Amor toma uma outra dimensão. Um novo amor anunciado.
Sinto a explosão desse Amor à dimensão de enorme "pleine lune".
E, ontem, perante a alegria da descoberta, da beleza e olhar do bebé, aquele dedo indicador, as suas gargalhadas, o olhar cúmplice, as festinhas, eu jurei a mim mesma, que a palavra Amor, por vezes tão mal usada e empregue, tão imerecida por quem por vezes o dedicamos, jamais será usada em vão. A idade pode tornar-nos mais sábios. Pode...
Eu não acreditava que ser avó, era assim.

(O mote para a minha conversa veio desta leitura, aqui, a propósito da inauguração da exposição de Amadeo de Souza Cardoso, hoje em Paris e de uma outra que lhe está associada.
A caixa , pouco ortodoxa, anúncio de cigarros, serviu de mote à minha emoção)