domingo, 22 de maio de 2016

há quem viva de abraços, quem dê os laços e caia no nó....

 O LAÇO E O ABRAÇO 

Meu Deus! Como é engraçado! 
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando
voltas. Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e
pronto: está dado o laço. É assim que é o abraço: coração com
coração, tudo isso cercado de braço. É assim que é o laço: um
abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o
faço. 
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando...
devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço. 
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido. 
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço. 
Ah! Então, é assim o amor, a amizade. 
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita. Enrosca, segura um
pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as
duas bandas do laço. Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de
amizade. 
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços. E saem
as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum
pedaço. Então o amor e a amizade são isso... 
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam. 
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

Mário Quintana
Obra "Abraço" de Eliane Roedel
Da série Paisagem na Cidade